A estudante Paloma Ferrarini trocou de celular , atividade banal para os 39 milhões de brasileiros que fazem isso todo ano. Modelo novo na mão, não teve dúvida: jogou o velho no lixo. Isoladamente, é uma gota num oceano. O problema é o tamanho e a toxicidade que esse oceano vem ganhando. No mundo, a cada ano, 1,5 bilhão de celulares são substituídos.
Resultado: a montanha de lixo eletrônico – ou e-waste – aumenta em 50 milhões de toneladas. É descarte suficiente para carregar uma composição de vagões de trem capaz de abraçar o planeta na altura do Equador. Nos próximos três anos, o “abraço” vai ficar ainda mais caloroso, pois, segundo a ONU, o número deve subir para 150 milhões de toneladas anuais.
Maiores produtores mundiais de e-waste, EUA, Europa e Japão reciclam só 30% do seu lixo eletrônico . O restante é exportado para nações pobres. A justificativa: o refugo estimularia a inclusão digital. A estratégia evita gastos com reciclagem e dribla a legislação ambiental do Primeiro Mundo. Outro objetivo da manobra é escapar da Convenção de Basiléia, assinada por 166 nações (os EUA ficaram de fora), que proíbe os países industrializados de exportar e-waste para as nações da periferia econômica global.
Os principais destinos dessa pilha inútil são a China, alguns países da África, a Índia e o Paquistão, que recebem cerca de 500 contêineres mensais. O Greenpeace diz que a desova inclui outros destinatários, como Chile, Argentina e Brasil. Entre as soluções disponíveis, a reciclagem é a mais inteligente. E a recompensa é boa. Há mais ouro em 1 tonelada de PCs do que em 17 toneladas de minério. Mas, para extraí-lo, muita gente se intoxica e morre no processo. Veja o tamanho do problema.
AS PRINCIPAIS ROTAS
Ao se livrarem das suas toneladas de lixo eletrônico, os países desenvolvidos empurram para o Terceiro Mundo uma pilha que, na maioria dos casos, será manipulada sem proteção ou controle por famílias pobres, incluindo crianças. Além de intoxicar as pessoas, os resíduos acabam contaminando o ar, o solo e os veios de água
A MONTANHA DE LIXO ELETRÔNICO NO MUNDO
A produção anual de dejetos deve triplicar nos próximos anos (em toneladas)
BRASIL
A reciclagem eletrônica não chega a 1%, e uma das razões é a falta de leis. O que há é uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente obrigando as empresas a reciclar pilhas e baterias
DO QUE É FORMADO
PCs e celulares são as estrelas, mas a pilha de e-waste vai além
PRODUÇÃO CASEIRA
Em vez de lixo importado, o problema é o gerado no próprio País
E A PILHA SÓ CRESCE
>>> Pelo menos 130 milhões de computadores são vendidos no mundo todos os anos
>>> De 2005 a 2010, 1 bilhão de PCs serão descartados mundialmente
NO FINAL DO ANO PASSADO, HAVIA 3,3 BILHÕES DE CELULARES EM OPERAÇÃO NO MUNDO
Um para cada dois habitantes do planeta
COMPOSIÇÃO
Plásticos 30,2%
Óxidos refratários 30,2%
Cobre 20,1%
Ferro 8,1%
Lata 4%
Alumínio 2%
Níquel 2%
Chumbo 2%
Outros 1,4%
Ano da Publicação: | 2010 |
Fonte: | http://revistagalileu.globo.com/Revista/Galileu/0,,EDG87014-7943-217,00-ONDE%20OS%20ELETRONICOS%20VAO%20MORRER%20E%20MATAR.html |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |