OS BILHÕES CONTIDOS NO LIXO

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Resumo:

Muito se fala sobre os supostos "bilhoes perdidos no lixo". Com o tempo a reciclagem e a coleta seletiva tornaram-se campanha politica e modismo na midia, apontadas sempre como as melhores solucoes para os problemas ambientais urbanos, demonstrando o desconhecimento que a maioria das pessoas tem da realidade.

Em algumas prefeituras brasileiras, foi estabelecida uma politica de coleta seletiva de lixo baseada no mito de que assim teriam grandes resultados positivos nos campos social e ambiental aliados ainda ao lucro financeiro (resultado da venda do material), independente do tamanho e da

localizacao do municipio. Isso resultou em um aumento dos custos, principalmente de coleta e tratamento, que normalmente nao e coberto pela venda dos materiais selecionados. Em outros municipios, comecaram a surgir dezenas de cooperativas, sendo que a maioria acaba nao conseguindo se manter no mercado, ou pelos baixos ganhos dos cooperados,

ou pela dificuldade em comprar os caros equipamentos necessarios, ou na maioria das vezes, pela inviabilidade de venda do material coletado, que se nao for absorvido por alguma industria local, acaba dando prejuizo, pois o custo do frete acaba se tornando igual ou maior que o custo da carga. O erro nao esta no incentivo a reciclagem, mas sim em pensar que o poder publico pode se transformar em comerciante de reciclaveis e materias-primas secundarias, quando sua real funcao e resolver os

problemas sanitarios, de saude publica e de cunho social decorrentes do acondicionamento, coleta, transporte e destino final dos residuos solidos

urbanos. Os resultados obtidos nos campos social, educacional e ambiental devem ser os reais objetivos do poder publico. Alem de ser totalmente inadequado induzir a populacao de municipios de pequeno e medio porte a esperar obter lucros com seus residuos.

Realmente o valor dos materiais reciclaveis e inquestionavel, porem, a capacidade absorcao destes materiais pela industria ainda faz com que este seja um mercado limitado competitivo e onde poucos realmente lucram. Sabemos que e possivel sim gerar renda com materiais reciclados, porem, geralmente quem realmente sai ganhando sao os atravessadores e algumas poucas cooperativas. Os chamados "catadores" ou "carrinheiros", alem de serem obrigados a trabalhar na maioria das vezes em pessimas condicoes, sempre ganham muito pouco pelo que coletam, dinheiro que mal sustenta suas familias.

Alem disso podemos citar exemplos de prefeituras, como as de Sao Paulo e

Angra dos Reis, chegaram a ter custos da ordem de R$ 475,00 e R$ 900,00

respectivamente, por tonelada de lixo selecionado, o que inviabiliza a continuidade do processo. Outro bom exemplo e a Alemanha, onde atraves da criacao do "Sistema Duales" os produtores tornaram-se responsaveis pela recuperacao e reciclagem de todos os produtos manufaturados e os materiais de embalagens. O que nao se esperava e que 95% das residencias participassem do programa, gerando 400.000 toneladas de lixo reciclavel anualmente, contra uma capacidade industrial de reciclagem de menos de 125.000 ton/ano. Esse excedente de material reciclavel alem de amontoar-se em galpoes e campos, resultou em dinheiro publico desperdicado, pois o custo seria muito menor se o mesmo tivesse como destino o aterro sanitario.

A industria ainda nao tem capacidade de absorver todo o residuo que produzimos, alem da necessidade de investimento em equipamentos que precisam de um longo prazo para retorno e um medio risco mercadologico. Isto tudo nao significa que o processo de sensibilizacao e a educacao ambiental deixe de ser importante. A separacao do lixo precisa ser incorpora

 

Data da Publicação:

 

 

 

Autor:
Olimpio Araujo Junior

Curriculo:

Geógrafo-ambientalista, Gestor Nacional de Conteúdo da Rede de Comunicação Ambiental EcoTerra Brasil

 

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