OS BILHÕES CONTIDOS NO LIXO

Muito se fala sobre os “bilhões perdidos no lixo”, com o tempo a reciclagem virou campanha política e modismo na mídia que aponta como solução para os problemas ambientais urbanos a coleta seletiva e a reciclagem, demonstrando desconhecimento da realidade.



Em algumas prefeituras brasileiras, foi estabelecida uma política de coleta seletiva de lixo baseada no mito de que assim se teriam resultados positivos nos campos social e ambiental aliados ao lucro financeiro, resultado da venda do material, independente do tamanho e da localização. Isso resultou em um aumento dos custos de coleta e tratamento, que não era coberto pela venda dos materiais selecionados. Prefeituras, como as de São Paulo e Angra dos Reis, chegaram a ter custos da ordem de R$ 475,00 e R$ 900,00 respectivamente, por tonelada de lixo selecionado, o que vem inviabilizando a continuidade do processo.



Na Alemanha, através da criação do “Sistema Duales” os produtores tornaram-se responsáveis pela recuperação e reciclagem de todos os produtos manufaturados e os materiais de embalagem, o que não se esperava é que 95% das residências participassem do programa, gerando 400.000 toneladas de lixo reciclável anualmente, contra uma capacidade industrial de reciclagem de menos de 125.000 ton/ano. Esse excedente de material reciclável além de amontoar-se em galpões e campos, resultou em dinheiro público desperdiçado, pois o custo seria muito menor se o mesmo tivesse como destino o aterro sanitário. Isso tudo acontece devido à pequena capacidade de absorção pela indústrias deste tipo de matéria prima além da necessidade de investimento de capitais e o risco mercadológico.



A solução mais apropriada é que as municipalidades deleguem a particulares a atividade de caráter comercial, através do incentivo à criação e manutenção de cooperativas de catadores, limitando-se a supervisão e controle, especialmente quanto à degradação do meio ambiente e quanto ao aspecto social, garantindo um padrão mínimo de sobrevivência ao catadores, assim como é feito em Ponta Grossa.



Não deve o poder público se transformar em comerciante de recicláveis e matérias-primas secundárias, mas concentrar-se em resolver os problemas sanitários, de saúde pública e de cunho social decorrentes do acondicionamento, coleta, transporte e destino final dos resíduos sólidos urbanos. Os resultados obtidos nos campos social, educacional e ambiental devem ser os objetivos do poder público, sendo totalmente inadequado induzir prefeituras de pequeno e médio porte a obter lucros ilusórios com a reciclagem, induzindo-lhes a acreditar em supostos bilhões jogados no lixo.



Autoria: Olimpio Araujo Jr

Ano da Publicação: 2004
Fonte: Ambiente Total
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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