Os perigos do lixo eletrônico

Em muitos casos, a única parte visível de um produto eletrônico é seu revestimento externo. A menos que ele se quebre, raramente vemos os múltiplos circuitos, fios e conexões elétricas que o fazem funcionar.

Mas são exatamente esses itens que são tão valiosos e tão tóxicos. Um buquê completo de metais pesados, semimetais e outros compostos químicos está à espreita no interior de seu laptop ou televisor aparentemente inocente. O perigo do lixo eletrônico deriva de ingredientes como chumbo, mercúrio, arsênico, cádmio, cobre, berilo, bário, cromo, níquel, zinco, prata e ouro. Muitos desses elementos são usados em placas de circuito e fazem parte de componentes elétricos como chips de computador, monitores e fiação. Além disso, muitos produtos elétricos incluem produtos químicos para retardar chamas e que podem representar perigo para a saúde.

Quando esses elementos estão protegidos no interior de nossos refrigeradores e laptops, o perigo do lixo eletrônico não é tão iminente. Mas podem acontecer problemas quando os aparelhos se quebram – intencional ou acidentalmente. Eles podem vazar e contaminar o ambiente que os cerca, quer se trate de um aterro sanitário ou das ruas de um bairro residencial. Com o tempo, os produtos químicos tóxicos e o lixo eletrônico de um aterro sanitário podem contaminar o solo (possivelmente chegando ao lençol freático) ou a atmosfera, afetando a saúde de comunidades vizinhas. Ainda não se conhece o nível de risco da contaminação por lixo eletrônico, mas é seguro presumir que os resultados provavelmente não serão bons.

As pessoas estão começando a debater seriamente os aspectos da poluição em termos de bioacumulação e biomagnificação. A bioacumulação acontece quando pessoas, plantas e animais geram níveis de substâncias tóxicas em seus corpos em velocidade superior à sua capacidade de descartá-las. A biomagnificação acontece quando níveis de toxinas crescentes se acumulam na cadeia alimentar. Por exemplo, o plâncton pode absorver traços de mercúrio. Os peixes que comem muito plâncton ingerem dose ainda mais insalubre e o problema prossegue com os pássaros ou com os seres humanos que comem peixes contaminados por mercúrio.

Pesquisadores do Programa de Pesquisa de Metais Tóxicos da Universidade Dartmouth compilaram uma lista dos efeitos dessas toxinas sobre o corpo humano. Tenha em mente que não se trata de uma lista completa de todos os efeitos de saúde possíveis da exposição a esses metais. Além disso, a lista menciona apenas algumas das substâncias e compostos químicos usados nesses produtos domésticos.

Arsênico – pode causar problemas na comunicação entre células e interferir nos gatilhos que geram crescimento celular, possivelmente contribuindo para doenças cardiovasculares, câncer e diabetes, em caso de exposição crônica.

Cádmio – afeta a capacidade do corpo de metabolizar cálcio (em inglês), o que leva a dores ósseas e a ossos frágeis e gravemente enfraquecidos.

Cromo – causa irritações de pele e é potencialmente carcinógeno.

Cobre (em inglês) – pode irritar a garganta e os pulmões e afetar os rins, o fígado e outros órgãos.

Chumbo – o envenenamento por chumbo (em inglês) pode causar sérios problemas de saúde, entre os quais redução da capacidade cognitiva e verbal. Em última análise, a exposição ao chumbo pode causar paralisia, coma e morte.

Níquel – em dosagem alta, é carcinógeno.

Prata – provavelmente não faz mal, mas manipulá-la com freqüência pode causar argirismo, uma doença que causa manchas azuladas permanentes na pele.
[Fonte: Dartmouth Toxic Metals Research Program]

Agora que sabemos sobre os componentes perigosos por trás das telas de nossos computadores e bens eletrônicos favoritos, veremos o que está sendo feito em relação ao lixo eletrônico.

Ano da Publicação: 2010
Fonte: http://ambiente.hsw.uol.com.br/lixo-eletronico1.htm
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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