Para onde vai o e-lixo

AUTORA: Camila Artoni

A maioria dos aparelhos elétricos e eletrônicos usados ainda está acumulando poeira. Estima-se que três quartos deles estejam apenas ocupando espaço em garagens e armários. O restante foi jogado fora e ganhou um desses destinos:

Reuso
Uma boa maneira de aumentar a vida útil dos eletrônicos é passá-los adiante. Muitos computadores antigos do primeiro mundo são exportados para os países em desenvolvimento. Os benefícios desse método são claros, já que os aparelhos demoram mais para virarem lixo. O problema é que, quando viram, em geral estão em áreas menos preparadas para lidar com resíduos tóxicos, o que significa que, provavelmente, tomarão um rumo pouco ecológico.

Exportação
Apesar da Convenção da Basiléia, que proíbe o movimento de lixo tóxico entre países, muitos despejos eletrônicos atravessam as fronteiras para terminarem no terceiro mundo. Uma inspeção de 18 portos europeus, feita este ano, levantou que 47% dos resíduos destinados a exportação eram ilegais, lixo eletrônico entre eles. Somente no Reino Unido, pelo menos 23 toneladas métricas de e-lixo foram despachadas para a Índia, a África, a China ou o Extremo Oriente em 2003. Calcula-se que, nos EUA, entre 50% e 80% do lixo destinado à reciclagem tenha o mesmo fim.

Incineração
A queima de produtos eletrônicos libera metais pesados, como chumbo, cádmio e mercúrio, na atmosfera e em forma de cinzas (que, muitas vezes, são despejadas em rios). O mercúrio presente no ambiente pode chegar à nossa cadeia alimentar, principalmente por meio dos peixes. Retardantes de chamas bromados geram poluentes altamente tóxicos quando incinerados.

Reciclagem
Embora o reaproveitamento de materiais possa ser uma saída inteligente, os químicos perigosos presentes nos eletrônicos podem afetar as pessoas que trabalham no campo de reciclagem, assim como a vizinhança e o ambiente. Em países desenvolvidos, o processo acontece em lugares específicos para isso, sob condições mais ou menos controladas. No restante do mundo, a operação, na maior parte das vezes, não sofre nenhuma fiscalização. O desmanche é feito à mão em lixões, muitas vezes por crianças.

Design verde
Para os ambientalistas, só existe uma maneira segura de descartar eletrônicos: produzi-los “limpos”, ou seja, livre de substâncias tóxicas.

Muito do material usado hoje pode ser substituído. Um exemplo é o chumbo das soldas, que pode ser trocado por liga de estanho. Alguns fabricantes já abriram mão de usar retardantes de chamas bromados e PVC em seus produtos e passaram a empregar similares.

A Samsung e a Dell aceitaram o desafio e prometeram tirar os elementos tóxicos de seus equipamentos. Os computadores Power Mac G5, da Apple, foram desenhados pensando na substituição fácil de peças. A Sharp encerrou sua produção de televisores de tubo, concentrando-se nas TVs de cristal líquido, que são 100% recicláveis.

Por fim, vale a política do “take back” (pegar de volta). Especialistas são unânimes em afirmar que o fabricante, e não o consumidor, deve ser responsável pelo fim adequado do e-lixo.

Aterros
Os elementos tóxicos presentes nos equipamentos eletrônicos dissolvem-se no solo com o tempo ou acabam liberados na atmosfera, afetando o ambiente e as comunidades nos arredores. Em boa parte da Europa essa forma de descarte do lixo tecnológico já foi proibida, mas a prática continua em muitos países. Em Hong Kong, estima-se que entre 10% e 20% dos computadores velhos vão parar em aterros. Os mais apropriados são os que têm a anatomia acima e sofrem fiscalização constante.

Ano da Publicação: 2010
Fonte: http://revistagalileu.globo.com/Galileu/0,6993,ECT1023727-1939-5,00.html
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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