Nas mãos de Vinícius Mello e Guilherme Bandeira, óleo usado de cozinha vira tinta. A sabedoria em transformar a substância que entope ralos e polui rios em material de uso cotidiano rendeu aos dois pesquisadores do Instituto de Química da Universidade de Brasília o primeiro lugar na 13ª edição do Prêmio Abrafati-Petrobras de Ciência em Tintas, que desde 1986 reconhece estudos científicos na área.
No estudo produzido sob a orientação do professor Paulo Anselmo, também ganhador de vários prêmios, os pesquisadores mostram que o ingrediente mais tradicional da culinária pode também se converter em bio-óleos para utilização como fonte de energia térmica. O bio-óleo é um tipo de biocombustível, aquele obtido a partir de fontes de energia renováveis. A pesquisa premiada é tema da reportagem inédita Óleo que não vai para o ralo da 8ª edição da Darcy, revista de jornalismo científico da UnB, lançada nesta quinta-feira 15. Saiba aqui como os pesquisadores chegaram à descoberta.
Vinícius, que tem 26 anos e é aluno do doutorado, e Guilherme, estudante do mestrado, concorreram com outros 13 trabalhos, todos inéditos e com abordagens sustentáveis. O resultado da premiação foi anunciado no último dia 14 em cerimônia no Clube Monte Líbano, em São Paulo.
Além do reconhecimento, os pesquisadores receberam R$ 25 mil. O objetivo da universidade é dar resposta às questões da sociedade, gerando conhecimento e tecnologia nova. O prêmio é um atestado que esse propósito foi alcançado, comenta o diretor do Instituto de Química, Jurandir Rodrigues, que destaca a importância do prêmio entre os pesquisadores da área.
Outros dois estudos também foram premiados. Carla Maria Fonseca e Silmara das Neves, da IQX Inove Qualyx Tecnologia e Desenvolvimento em Resinas, garantiram a segunda colocação, com prêmio em dinheiro de R$ 15 mil. Ismael Henrique Silveira, Renata Rocha, Ana Augusta Rezende e Rita de Cássia Alvarenga, da Universidade Federal de Viçosa, ficaram em terceiro lugar. Os premiados são, via de regra, especialistas ligados às mais importantes universidades, centros de pesquisa e empresas da cadeia de tintas, afirma Dilson Ferreira, presidente-executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Tinta (Abrafati). A participação de pesquisadores de alto nível reflete o prestígio de que o prêmio desfruta e tem como resultado o desenvolvimento de estudos alinhados ao que existe de mais atual e avançado no mundo, completa.
Os dois jovens pesquisadores trabalharam por dois anos e meio no projeto, de seis a oito horas por dia, e muitas vezes de segunda a segunda. Guilherme Bandeira lembra que os dois descobriram o concurso caminhando pelo campus Darcy Ribeiro. Vimos o folder e resolvemos participar, conta o pesquisador de 24 anos. A gente não esperava ganhar esse prêmio. Foi um desafio de fazer o estudo com informações suficientes para garantir esse reconhecimento, conta Guilherme. A próxima etapa da descoberta, já patenteada, é fazer a tinta em escala semi-industrial.
SUSTENTABILIDADE O objetivo inicial do projeto era a produção de tinta, mas da reação química, os pesquisadores já obtinham uma pequena quantidade de biodiesel. No projeto premiado eles aprimoraram o processo e, do resíduo formado, conseguiram produzir o bio-óleo, que tem em sua composição, propriedades semelhantes a do diesel. Hoje a gente não perde nada no processo. Antes o resíduo era tóxico, derivado do petróleo líquido, e agressivo a natureza. Assim, conseguimos que ele fosse totalmente sustentável, explica Vinícius.
Ano da Publicação: | 2013 |
Fonte: | UNB |
Link/URL: | http://www.unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=6088 |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |