“Boa parte das árvores cortadas para uso na indústria moveleira, na construção civil e em utensílios poderia ser poupada se fosse substituída por madeira plástica”
Sacolas de compras, garrafas, eletrodomésticos e até veículos. Basta um olhar atento para ver que o plástico, um dos produtos mais importantes da indústria petroquímica, está presente em todos os lugares. Porém, o material que demora cerca de 100 anos para se decompor representa um grave problema ambiental. Pensando nisso, pesquisadores do Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano (IMA), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), desenvolveram um método para transformar o plástico desperdiçado nos lixões em outro produto nobre e cada vez mais escasso: a madeira.
Contemplado pelo edital Pensa Rio de 2007, da FAPERJ, o projeto Avaliação das Propriedades Mecânicas da Madeira Plástica e a Redução dos Gases do Efeito Estufa em Substituição à Madeira Natural é uma alternativa ecologicamente correta. Elen Pacheco dá continuidade à pesquisa pioneira desenvolvida pela professora que foi sua orientadora de mestrado, Eloisa Biasotto Mano, nos anos 1990. A proposta é fabricar madeira plástica. “Usamos resíduos de sacos que estavam no lixo e os transformamos em tábuas no laboratório”, explica a especialista. “O produto foi batizado de Imawood por ser a ‘madeira do IMA’, em inglês”.
As vantagens do Imawood para o meio ambiente são muitas. O plástico descartado em aterros sanitários, mares, rios e bueiros é reaproveitado, de forma sustentável. “Boa parte das árvores cortadas para uso na indústria moveleira, na construção civil e em utensílios poderia ser poupada se fosse substituída por madeira plástica”, diz Elen, que avalia como positivos os impactos da reciclagem do plástico para substituir a madeira natural. “Podemos minimizar o desmatamento da Amazônia, sensibilizar a população e gerar empregos, desde a coleta dos plásticos, passando pela reciclagem, até a comercialização da madeira plástica.”
A fabricação do Imawood – que leva em sua composição cargas, como fibras de coco e resíduos agrícolas – é realizado em várias etapas. “Depois de coletados no lixo, os plásticos passam por processos de moagem, lavagem, separação, secagem e extrusão. A FAPERJ ajudou o IMA, viabilizando recursos para a compra de uma injetora, na qual serão avaliadas as propriedades dos materiais produzidos, chamados de corpos de prova. Assim, podemos comparar as propriedades do Imawood com as da madeira tradicional. Tentamos sempre melhorar o produto final”, explica a professora, destacando que a perda da matéria-prima é relativamente pequena durante a fabricação.
O Imawood ainda não está disponível em escala comercial. Mas existem empresas no país que já oferecem a madeira plástica, apesar de ser produzida em pequena escala. “No país, temos cerca de cinco unidades no Rio e outras em São Paulo, no Rio Grande do Sul e em Belo Horizonte que trabalham com esse material. O IMA tem parceria para desenvolvimento dos produtos da empresa Wisewood, que oferece peças, como dormentes, para ferrovias. É uma boa oportunidade de colocarmos em prática o que desenvolvemos no laboratório”, avalia Elen Pacheco.
Para a professora, o número restrito de programas comprometidos com a coleta seletiva, na maioria das cidades brasileiras, dificulta o acesso ao material a ser reciclado. “Temos uma média de 5.500 cidades no país. Nem 10% delas adotam programas de coleta seletiva. Para se ter uma idéia, de todos os resíduos existentes nos aterros sanitários do Rio, pelo menos 30% são de plástico e de papel. É um desperdício perder esse potencial de reciclagem de materiais não-renováveis.” | Por: Débora Motta/ Faperj (www.faperj.br).
Ano da Publicação: | 2008 |
Fonte: | http://www.setorreciclagem.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=710 |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |