Pneu vira concreto

Concreto com borracha garante destinação ecologicamente correta a pneus inservíveis



O Instituto Via Viva elaborou uma nova tecnologia na fabricação de concreto, capaz de abrandar as conseqüências dos acidentes de trânsito, além de colaborar com a preservação do meio ambiente. Trata-se do concreto DI® (Deformável e Isolante), utilizado para a construção de barreiras rodoviárias, que ficam mais elásticas e absorvem mais impacto.



O diferencial do concreto DI® está em sua composição. Pneus sem utilidade, conhecidos como inservíveis, são misturados ao concreto, o que lhe confere mais resistência à compressão. “As barreiras comuns podem causar danos aos veículos e às pessoas. Com a nova tecnologia, ocorre a redução de traumatismos entre os acidentados”, afirma Paulo Bina, engenheiro, vice-presidente do Instituto Via Viva e um dos criadores do concreto DI®.



Porém, os benefícios não são apenas de ordem física e material. A reutilização de pneus inservíveis em substituição à brita ajuda a dar destino a estes itens, que demorariam anos para decompor-se na natureza. Além disso, há benefício visível para as indústrias de pneus que, de acordo com a resolução 258 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), são obrigadas a coletar e destruir o mesmo número de pneus que colocam no mercado. “Estamos passando esta tecnologia a outras empreiteiras, como forma de incentivar esta forma de uso para os pneus inservíveis”, diz Bina.



Para arrecadação de pneus, o Instituto Via Viva criou os Ecopontos, locais onde os pneus são identificados e separados para serem usados na fabricação do concreto. A mão-de-obra utilizada para este serviço será, num futuro próximo, de deficientes mentais e familiares. “A idéia é fazer com que as indústrias de pneus paguem aos deficientes, que formam uma mão-de-obra pouco valorizada em nosso país”, comenta Bina. A previsão é de que se construam 60 Ecopontos na cidade de São Paulo, com verba de patrocinadores. O Instituto já firmou parceria com a Associação Nacional das Indústrias de Pneumáticos e com o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) de São Paulo para tocar o projeto.



As barreiras rodoviárias compostas de concreto com borracha já foram construídas em dois pontos da cidade de São Paulo. O primeiro foi na Raposo Tavares, no final de 2003, e o segundo, no final da Marginal Tietê, no fim de 2004. Segundo o engenheiro, na Marginal, foram construídos cerca de 1km de barreiras, o que equivale ao uso de 10.000 pneus. Isso representa quase 10% do que foi retirado na última limpeza do rio homônimo (120.000 pneus, aproximadamente).



A verificação dos resultados está sendo acompanhada a cada quinze dias. “O teste mais importante é sabermos como o concreto se comporta sob impacto”, explica Bina. Ele completa afirmando que o Instituto está negociando “crash tests” com as indústrias automobilísticas, para confirmar os estudos de impacto já feitos anteriormente. “Com os dois pontos construídos, fizemos nossos primeiros ensaios”, diz.

Ano da Publicação: 2005
Fonte: www.ambientebrasil.com.br
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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