A Petrobrás desenvolveu um método para transformar pneus velhos, um perigo para o meio ambiente e para saúde (por causa dos mosquitos da dengue), em óleo combustível, usado principalmente nas usinas termelétricas para produção de eletricidade.
A tecnologia foi desenvolvida pela Unidade de Negócios da Industrialização do Xisto da Petrobrás instalada em São Mateus do Sul (PR), a cerca de 140 quilômetros de Curitiba. Depois de um ano de teste, a unidade desenvolveu tecnologia para usar o pneu velho, em conjunto com o xisto (mineral com baixo teor de óleo – entre 7% e 11%) , para a geração de óleo combustível e outros derivados.
Alguns catadores de papel da região metropolitana de Curitiba descobriram com essa nova tecnologia uma nova forma de ganhar dinheiro e estão juntando pneus usados. A reciclagem de pneus é estimulada pela Prefeitura de Curitiba.
A Petrobrás vem estudando o uso do xisto há mais de 30 anos. A possibilidade do uso de resíduos de pneus (pneus cortados) resultou da pesquisa em torno do processo e abriu um novo e promissor filão de negócios.
"Além de rentável é ecologicamente correto", observa o gerente-geral da unidade, Paulo Rosa de Campos.
Cerca de 30 milhões de pneus velhos são abandonados por seus donos a cada ano no Brasil, e apenas uma pequena parcela deles é reciclada. A capacidade instalada da usina do Paraná permite reciclar quase inteiramente toda a sucata de pneus de um ano do País. Segundo Campos, são 27 milhões de pneus por ano, que seriam misturados às rochas do xisto.
Mesmo tendo iniciado a operação efetiva no segundo semestre do ano passado, Campos garante que quase já não há pneu usado nas cercanias de Curitiba. "Os catadores de papel descobriram que o pneu usado é um negócio rentável", observou. Cada pneu velho rende R$ 0,30 ao catador curitibano. A opção de usar a mão-de-obra que já atuava com papel mostrou-se acertada, na avaliação do executivo. "A logística funciona de forma bastante satisfatória", observa.
A tecnologia para a reciclagem do pneu foi desenvolvida internamente pela Petrobrás e o início da operação da unidade se dá em bom momento. A partir deste ano, importadores e fabricantes de pneus novos são responsáveis pela destruição ou reciclagem do produto usado.
Em 2002, para quatro pneus importados ou fabricados, a empresa responsável terá de destruir um pneu velho (25%) e essa proporção sobe para 50% em 2003, 75% em 2004 e 100% em 2006.
A nova determinação, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), faz com que o Brasil seja o primeiro país do mundo a tornar a reciclagem de pneus obrigatória, segundo Campos.
Outro "braço" do governo fortemente interessado na destruição dos pneus velhos é o Ministério da Saúde. O governo constatou que o pneu velho é um dos principais responsáveis pela propagação da dengue, por ser foco de criação do mosquito.
A Petrobrás paga R$ 50 por tonelada de pneu já granulado, ou seja, cortado em tamanhos previamente definidos pela empresa. Com isso, além dos catadores de pneus, outras empresas se beneficiam da iniciativa, inclusive metalúrgicas próximas à Curitiba, além de empresas de transporte.
O pneu exige cortes especiais porque, além da borracha, tem em sua composição fios de arame, o que aumenta a sua resistência. Mas Campos está otimista. "A reciclagem de pneus já se mostrou tecnicamente viável e tende a se tornar um negócio promissor daqui para a frente", afirma. Segundo ele, não existem experiências semelhantes em outras partes do mundo.
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Ano da Publicação: | 2007 |
Fonte: | http://www.dep.fem.unicamp.br/boletim/BE23/mar_25_1.html |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |