Custa mais caro “recriar” o papel do que fabricá-lo a partir de matéria-prima virgem
Por Ricardo Ricchini
Ninguém pergunta “por que produto orgânico é mais caro, já que nem agrotóxico usa?” Todo mundo sabe que o esforço para manter o vegetal sadio, sem pesticida, é ainda mais custoso.
No caso do papel reciclado, o princípio é o mesmo. É mais caro “recriar” o papel do que fabricá-lo a partir de matéria-prima virgem.
Quando pensamos em papel reciclado, sempre é no papel bonito e ecológico que o banco imprime, mas papel reciclado de verdade, aquele que vem do lixo, vira papelão, papel higiênico, papel de embrulho… esses sim com custo benefício ótimo… sem marketing para endeusá-lo ou confundí-lo.
O papel reciclado para impressão é um produto nobre, feito de aparas selecionadas de gráficas e papel de escritório, misturado com fibras e com a reutilização de sobras da própria indústria que o produz.
O Setor Reciclagem já tratou do assunto várias vezes, mas como as dúvidas ainda são grandes, aí vão os
10 motivos porque o papel reciclado é mais caro
(com direito a links para aprofundar a leitura).
1 – Já existe um processo de fabricação centenário de fabricação de papel “virgem”. A fabricação de papel reciclado para impressão é relativamente nova, precisa de tempo para se estruturar e ser competitiva.
2 – Na verdade, comparar papel virgem com papel reciclado (para impressão) é covardia. O papel reciclado faz parte de uma categoria diferente, denominada Papéis Especiais. Há alguns anos, só haviam papéis reciclados importados, caríssimos, sem acesso ao usuário comum. É ótimo que essa situação esteja mudando, mas o papel reciclado que estamos nos acostumando a ver ainda é um pouco mais caro.
3 – Há pouca concorrência no mercado de papel reciclado para impressão. Com mais empresas fabricando, o preço deve cair.
4 – Se você separar os papéis do resto dos resíduos que gera, estará ajudando a baratear o custo do papel reciclado, pois a limpeza e triagem (separação) são dois dos ítens que encarecem a reciclagem.
Leia mais sobre o assunto em Dicas para escritórios
5 – Quando você compra papel, paga imposto. Quando ele é transformado em papel reciclado, uma nova carga de impostos é gerada, para o papel que já estava taxado…
6 – O papel reciclado está basicamente restrito ao uso corporativo. Enquanto for produto de um nicho de mercado, mantém-se com valor mais alto.
Leia mais sobre o assunto em Empresas mantêm venda de reciclados
7 – A coleta seletiva no Brasil ainda é relativamente pequena, o que gera um custo alto para coletar e selecionar os materiais recicláveis.
Leia mais sobre o assunto em Reciclagem de papel: verdades e mitos
8 – O processo de reciclagem implica em: coletar, selecionar, limpar, revalorizar, reproduzir, comercializar. Para tudo há um custo. Pense que em vez do fabricante ou comerciante estar querendo levar vantagem na “onda ambiental”, talvez precisem agregar valor para comercializar um produto mais caro.
9 – Existem diversos tipos de papéis recicláveis, cada um tem seu valor, seu grau de impureza. Qualquer fardo de papel com materiais proibitivos em quantidade maior que a especificada pode torná-lo não reciclável. Ou seja, o trabalho de separação/classificação é grande mesmo só entre papéis. Todo processo criterioso tem custo elevado.
Veja a quantidade de tipos de papéis lendo a matéria Valor das aparas
10 – O uso do papel é tão difundido que ninguém imagina viver sem ele. Isso mantém um custo relativamente baixo para promover o papel em campanhas de marketing. No caso do papel reciclado, quem pode faz o que pode para divulgar o papel: campanhas de publicidade que, além do tradicional, envolvem ações sociais, permutas… Quem não pode, vende menos. Esses fatores podem encarecer o produto fina
Ano da Publicação: | 2008 |
Fonte: | http://www.setorreciclagem.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=444 |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |