Por uma coleta menos seletiva

Somos incapazes de separar nossos resíduos. Não, não estou falando de nós, seres humanos, que misturamos restos de comida com materiais recicláveis. Falo sobre nós “eco conscientes”, que supomos fazer um belo trabalho de separação dos recicláveis.





Nós não sabemos separar. Compramos cestos de plástico virgem para separar quatro tipos de recicláveis. Uma embalagem Longa Vida tem camadas de plástico, papelão e alumínio. Em qual cesto eu coloco? E um chinelo velho? Cadê o cesto da borracha?



Somos incapazes de ensinar. A maioria das listas sobre o que não é reciclável na internet (inclusive sites com sobrenome respeitável) diz que celofane é plástico não reciclável, quando é celulose biodegradável.

Reciclagem orgânica é um recurso da natureza que impedimos todos os dias e ainda taxamos de não reciclável.

E pelas regras que eu leio em sites, cartilhas e revistas, devo misturar restos de comida com papel carbono e fezes. Deve ser, afinal de contas, porque vai tudo parar no lixão.



Somos incapazes de separar os plásticos. Conhece o teste da chama (clique aqui)? É o que os profissionais fazem para identificar os plásticos: queimam para cheirar, ver como derrete, qual a cor da fumaça. Tudo para determinar o tipo de plástico. Se para eles é difícil, imagine para nós.



Não sabemos separar papel. Sabe quantos tipos de papel existem na classificação dos recicladores (clique aqui)? Vinte e cinco.



Proponho, para tentar realmente a ajudar os centros de triagem, dividir os resíduos em três: sólidos, orgânicos e sanitários. Se tivermos a capacidade de separar decentemente esses três grupos, então vamos ajudar tanto mais a reciclagem e o meio ambiente que é dispensável o trabalho adicional de separar nosso lixo em plástico, papel, vidro e metal (tentando adivinhar o que fazer com o resto).



Sólidos: Todos os resíduos secos que podem vir a ser reciclados. Se houvesse essa separação eficiente, muitos dos materiais que chamamos de não recicláveis estariam limpos, separados e em uma quantidade razoável para interessar a muita gente na indústria da reciclagem. E claro, se houver a possibilidade, não custa colocar os papéis em um saco, junto dos resíduos, assim como embrulhar vidro com jornal para não machucar ninguém.



Orgânicos: Até agora só se falou da eficiência dessa separação para não contaminar os recicláveis, mas restos de comida, plantas descartadas e até a poeira da varrição tem potencial para virar adubo. Por outro lado, em lixões e aterros viram chorume que contaminam o solo e as águas. Pressione o poder público para instalação de usinas de compostagem em cada cidade. Diga que é lucrativo que eles vão se interessar.



Sanitários: Separe o lixo do banheiro do resto dos seus resíduos – papel higiênico usado, absorventes, cotonetes, seringas usadas, fraldas descartáveis. Separe!

Não é uma sacanagem crianças que vivem em lixões, coletarem garrafas plásticas misturadas ao seu cocô?



Ricardo Ricchini – editor do portal Setor Reciclagem


Ano da Publicação: 2008
Fonte: http://blog.setorreciclagem.com.br/index.php?subaction=showfull&id=1205152675&archive=&start_from=&ucat=&
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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