Poucas propostas da Agenda 21 foram implementadas
MARIANA TOMÓTEO DA COSTA
da BBC
Elaborada durante a Rio-92, a Agenda 21 é um documento recheado de boas intenções relacionadas ao combate à pobreza, à preservação do ambiente e à concessão de mais oportunidades para que os países pobres se desenvolvam.
Mas boa parte dela ainda não saiu do papel, segundo dados obtidos por ONGs, governos e diversos órgãos ligados às Nações Unidas.
Apesar de quase 75% da agenda ter sido aprovado pelos países, uma porção muito menor do documento foi realmente implementada.
“Um dos nossos maiores objetivos durante a Rio +10 é saber o quanto da agenda entrou em vigor e como podemos fazer para ela avançar”, explicou o secretário-geral da conferência, Nitin Desai.
Propostas
Veja a seguir os principais objetivos da Agenda 21 e as dificuldades para implementá-los.
Combate à pobreza: Em 2015, a ONU deseja que o número de pobres no mundo esteja reduzido pela metade. Mas hoje mais de 1 bilhão de pessoas vivem em situação de pobreza. Na Eco-92, os países ricos prometeram destinar 0,7% de seu PIB (Produto Interno Bruto) para os países pobres. Hoje, esse índice é 0,2%. O único país que aumentou a sua ajuda aos pobres foi a Dinamarca.
Mudar os padrões de consumo: Os países ricos estão mais ricos, e os pobres, mais pobres. Cerca de 300 milhões de pessoas vivem com menos de US$ 1 por dia. A Agenda 21 prevê mudanças nos padrões de consumo da sociedade. Os africanos, por exemplo, precisam de dinheiro para consumir mais. Já os norte-americanos precisam consumir menos.
Dinamismo demográfico e sustentabilidade: Fixar o homem no campo, desafogar as grandes cidades, que se tornam centros de produção de lixo e poluição. Hoje, as cidades tomam apenas 2% da superfície terrestre, mas usam 75% dos recursos retirados pelos seres humanos do planeta.
Proteção e promoção da saúde humana: Combater principalmente as doenças cujas mortes são associadas à pobreza, como malária, diarréia, sarampo e Aids. O número de mortes por diarréia caiu no mundo, mas o número de mortes por malária hoje é 25% maior, e o de Aids cresceu seis vezes desde 1992.
Proteção da atmosfera: Os países conseguiram cumprir um dos pontos da Agenda 21, que era o combate à diminuição da camada de ozônio, associada à emissão do gás CFC. Mas ainda produz milhares de gases tóxicos, que aumentam a poluição, e mais gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global. As emissões anuais de CO2 (gás carbônico), por exemplo, aumentaram 9,1%.
Maior gerenciamento dos recursos da Terra: Para que os recursos naturais não se esgotem e as pessoas sejam mais bem alimentadas. Investir em práticas agrícolas mais eficientes para aumentar a produção, sem desgastar o solo, é uma prioridade. Mas por causa de objetivos como esse o cultivo de alimentos geneticamente modificados cresceu no mundo. A ciência ainda desconhece os efeitos prejudiciais que esses alimentos podem trazer à natureza e à saúde humana.
Reduzir a fome: O número de pessoas com fome diminuiu em 6 milhões por ano de 1996 para cá, mas o problema ainda atinge 14 milhões de pessoas. Enquanto isso, 61% dos norte-americanos estão acima do peso.
Combater o desflorestamento: Segundo a ONU, apesar de as florestas estarem sendo menos devastadas, 14,6 milhões de hectares ainda são perdidos todos os anos. Há ainda 150 milhões de pessoas que dependem das florestas tropicais para sobreviver. Um dos projetos brasileiros é desenvolver a Amazônia de forma sustentável, para que sua população explore os recursos da floresta, mas sem danificá-la.
Gerenciar ecossistemas frágeis, combatendo a seca e a dessertificação: Esse objetivo foi aprovado por 176 países durante a Eco-92, mas não recebeu fundos e foi de
Ano da Publicação: | 2002 |
Fonte: | Folha Online |
Autor: | MARIANA TOMÓTEO DA COSTA, da BBC |