PRESERVE O MICO, MAS CUIDE DO SEU LIXO

Cuidado: dentro da sua lixeira pode ter muito dinheiro jogado fora. Cada garrafa plástica, copo descartável, lata de cerveja ou folha de papel que vão para o lixo comum significam, em grande escala, um prejuízo bilionário – luxo considerável para um País que está longe de oferecer aos seus habitantes educação, saúde, saneamento, habitação e emprego em níveis razoáveis. Nos R$ 5,6 bilhões perdidos em 1996 no lixo dos brasileiros, segundo cálculos do economista Sabetai Calderoni, estão computados desde a economia com a extração das matérias-primas até os impactos ambientais provocados pelas toneladas e toneladas de resíduos confinadas aos lixões e aterros, para alegria das aves de rapina.



Apesar de passar por decisões basicamente políticas, a preocupação com esse desperdício e com a necessidade urgente de dar um destino melhor ao lixo urbano tem aumentado nos últimos anos. O Brasil é reconhecido, inclusive, como o país que mais recicla lixo no mundo. Isso se deve principalmente às pequenas iniciativas isoladas que partem das comunidades e acabam ganhando grandes proporções. Se há algum tempo a profissão de catador de lixo era exclusividade de pessoas marginalizadas, hoje a indústria da reciclagem dos materiais passa por um crescimento considerável. Sinal de que, embora ainda engatinhe no assunto, o brasileiro começa a perceber que não adianta jogar o lixo embaixo do tapete. Ou melhor, percebe que nem tudo o que vai para a lixeira é lixo, de fato.



Com esse fenômeno em mente, a equipe de A Notícia em Florianópolis partiu para a elaboração deste caderno especial, que não por acaso é publicado no Dia Mundial do Meio Ambiente. Em vez de cair no clichê de prestar uma homenagem árcade à natureza pura, numa apologia às matas remanescentes ou às espécies ameaçadas de extinção, este trabalho pretende dar idéias sobre o que cada cidadão pode fazer para assumir sua responsabilidade dentro do meio urbano – que faz parte do meio ambiente tanto quanto a mata atlântica ou o mico leão dourado. De um certo ângulo, o zelo necessário para se separar o lixo doméstico e encaminhá-lo para a coleta seletiva pode ser uma atitude mais ecológica do que o plantio de uma muda de árvore

Ano da Publicação: 2004
Fonte: A Notícia
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: tarbell@uol.com.br

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