A inteligência humana foi capaz de produzir a bomba atômica e de alavancar um progresso industrial que, quase sempre, contribui paralelamente para a destruição dos recursos naturais. Mas a inventiva e o bom senso fazem vicejar empresas que se dedicam ao desenvolvimento de tecnologias a caminhar na direção contrária: são benéficas ao meio ambiente e, o que é melhor, vêm ascendendo de forma contínua no mercado.
O plástico que não polui
Dificilmente alguém deixa de conviver com sacolas plásticas, sobretudo porque elas são, na grande maioria dos supermercados, o instrumento usado para embalar as compras. As vantagens do plástico comum – durabilidade, resistência à umidade e aos produtos químicos – são as mesmas que lhe conferem um aspecto negativo grave: impedem sua decomposição. Sendo um material que existe há apenas um século, a Ciência ainda não determinou precisamente quanto tempo demora esse processo, mas sabe-se que é superior a 100 anos. É enorme o potencial de danos ao meio ambiente exercido, portanto, pelas pessoas que jogam plásticos nas praias, matas, rios e mares.
No contraponto dessa poluição inconseqüente, apenas no ano passado, cerca de 1.200 toneladas de embalagens plásticas com conceito de rápida degradação foram produzidas no Brasil, a partir de materiais e tecnologias desenvolvidos por uma empresa paulistana. Ela fornece aditivos às indústrias de plásticos que, integrados ao processo de fabricação, tornam o produto final naturalmente degradável. Esse benefício agrega-se a todos os outros do plástico tradicional, inclusive a possibilidade de reutilização e reciclagem.
Os plásticos comuns dividem-se basicamente em dois grupos: os de polietileno, usados nas sacolas de supermercado, e os de polipropileno, mais duros – das capas de CDs, por exemplo. Em ambos os casos, eles são compostos de carbono e hidrogênio. “As cadeias são longas, complexas e de difícil rompimento”, explica Eduardo Van Roost, diretor superintendente da empresa. O aditivo que ela representa leva às ligações entre os átomos a informação de que elas devem se oxidar. Com isso, as cadeias começam a se quebrar, processo que é acelerado pela luz, pelo calor e pela manipulação dos produtos. “No final, teremos tamanhos de cadeias suficientemente pequenas para serem digeríveis pelos microorganismos presentes no meio ambiente”, explica Van Roost. Do plástico oxi-biodegradável, como foi chamado, sobra apenas água, biomassa e pequena quantidade de dióxido de carbono – a substância produzida na respiração celular de animais e de plantas.
Os fabricantes deste material ambientalmente correto já têm em seu portfólio mais de 150 clientes no Brasil. São supermercados, lojas, confecções, redes de farmácias e shopping centers, além de condomínios residenciais e comerciais, restaurantes, hotéis e indústrias que utilizam sacos plásticos para lixo com o conceito biodegradável. “Também têm aumentado de forma constante a procura e o uso, por parte de cidadãos, dos produtos com estas características”, atesta Eduardo Van Roost.
Se o Brasil começa a se conscientizar dessa possibilidade – e a maior demanda será fundamental para reduzir o custo final do produto -, o plástico biodegradável desperta interesse de países por todo o globo. Em abril passado, a Interpack, feira especializada em embalagens realizada na Alemanha, dedicou um estande de 500 metros quadrados exclusivamente aos produtos que atendiam a esse requisito. Foi a primeira vez que os biodegradáveis mereceram tal status.
Segundo Van Roost, a previsão de crescimento mundial para embalagens plásticas biodegradáveis é de 100 vezes nos próximos cinco anos. Aliada à qualificação da consciência ambiental do cidadão comum, em todos os continentes, alguns governos têm feito o dever de casa quando se trata também de legislar sobre o setor. “Em sete ou oito países, a fabricação de sacolas para supermercados em plástico não bio
Ano da Publicação: | 2005 |
Fonte: | www.ambientebrasil.com.br |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |