Quem ganha com o fim da distribuição das sacolinhas?

Prejuízos no bolso do consumidor, que terá que pagar por alternativas para levar as compras para casa, e desemprego na indústria plástica são os principais argumentos daqueles que se posicionam contra o fim da distribuição das sacolas plásticas descartáveis nos supermercados.

A polêmica a respeito do tema tomou novo fôlego, nos últimos dias, por conta do acordo firmado entre a Apas – Associação Paulista de Supermercados e o governo do Estado de São Paulo que começa a valer, oficialmente, hoje (4). As redes varejistas afiliadas à Associação deixarão de distribuir, nos caixas, as sacolinhas plásticas descartáveis.

Para Sérgio Esteves, diretor-presidente da AMCE Negócios Sustentáveis e consultor de sustentabilidade da Editora Abril, a medida é extremamente positiva para a sociedade e nenhum dos argumentos citados acima convence. “Não é porque já temos um modelo de negócios e atuação consolidado que significa que ele é o correto e deva ser mantido. O fim da distribuição das sacolas plásticas vai, sim, impactar a indústria e a vida do consumidor, mas é um rompimento necessário”, afirma o especialista.

O motivo é simples: na opinião de Esteves, atualmente, o setor está ganhando dinheiro à custa da vida no planeta. “O impacto da sacolinha é conhecido. Ela entope bueiros e causa enchentes; destrói a vida marinha e, consequentemente, impacta no equilíbrio da vida que temos hoje no planeta. Não dá para ganhar dinheiro deixando a conta do estrago que estamos causando para o futuro. Mais cedo ou mais tarde, alguém vai ter que pagar a conta”, diz o consultor, que ainda completa: “Não adianta protelar uma medida que, hora ou outra, vai ter que ser tomada. O uso das sacolinhas é um hábito comum hoje, o que não significa que seja um hábito correto. Não é!”.

Esteves ainda pontuou que o atual cenário é uma excelente oportunidade para a fomentação de “negócios do bem”. “O histórico do capitalismo é esse. Pessoas estão ganhando e perdendo emprego o tempo todo. Enquanto algumas empresas morrem porque não são capazes de se reinventar, frente às novas demandas da sociedade, outras surgem rumo a novos paradigmas. Estamos na era dos negócios de bom senso”, destaca.

Quanto ao fato de que, a partir de agora, quem quiser sacolas plásticas terá que comprá-las, Esteves é bem direto: “Eu acho ótimo! E, na minha opinião, o preço das sacolinhas deveria ser equivalente ao estrago que elas causam no planeta”. O consultor explica por quê: “A sustentabilidade é um debate público e não privado. A população deve receber mais educação para que tenha maior autonomia em suas ações. Se você sabe dos impactos das sacolas plásticas e, ainda assim, decide usá-las, ao invés de reeducar seus hábitos, tudo bem! Mas você deve pagar pelos estragos que elas causam. Esse dinheiro vai para o governo que deve revertê-lo em medidas que ajudem a compensar os impactos gerados durante sua produção e uso”, finaliza.

Ano da Publicação: 2012
Fonte: http://viajeaqui.abril.com.br/materias/noticias-plastico-sacolas-proibicao
Link/URL: http://viajeaqui.abril.com.br/materias/noticias-plastico-sacolas-proibicao
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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