Muito se fala em reciclagem, mas esse artigo aborda também a redução. Em uma comparação, um motor de carro polui 10 vezes menos que a fumaça do cigarro. Ao menos o carro tem utilidade, ao passo não existem benefícios no uso do cigarro
Aluno de Biologia da UnB cria técnica para reciclar bitucas
O estudante de Biologia da Universidade de Brasília (UnB) Marco Antônio Barbosa Duarte desenvolve projeto de reaproveitamento da ponta de cigarro fumado. Sob a orientação da professora do Instituto de Artes (Ida) da UnB Thérèse Hofmann e de Paulo Suarez, professor do Departamento de Química, Marco Antônio faz da bituca matéria-prima para produzir papel.
A idéia de fazer papel reciclado com esse tipo de material surgiu por acaso. Marco Antônio trouxe para a sala de aula um saco cheio de pontas de cigarro e perguntou à professora se era possível transformar aquele monte de lixo em papel. “Resolvemos testar e deu certo”, lembra Thérèse.
Já se utilizavam os resíduos das fábricas de filtro de cigarro, ou seja, filtros “limpos”, em outros tipos de pesquisa. A Embrapa de Pernambuco, por exemplo, recebe sobras da Filtrona Brasileira Indústria e Comércio, para testar o uso do material na absorção e retenção de água em solos secos. A empresa tem o ISO 14.002 e, portanto, assegura que todo material gasto na produção é de alguma forma reutilizado.
Reaproveitar o filtro depois de consumido, contudo, é novidade. “Aproveitamos toda a bituca: o filtro e o tabaco fornecem as fibras que dão origem ao papel e as cinzas podem servir de base no processo”, explica o estudante, que também não despreza as sobras da indústria para confeccionar mais papel. Ele recebeu milhares de filtros não aproveitados para dar continuidade a seus estudos.
Segundo a professora Thérèse Hofmann, o rendimento é de quase 100%. “Se, por exemplo, uma bituca pesa 0,4 gramas, ela resultará em cerca de 0,4 gramas de papel reciclado”, diz ela. Para obter o material, o processo é a reciclagem comum: as pontas e os filtros são separados do papel e misturados em água, soda cáustica e água oxigenada e cozidos. A pasta resultante é colocada para secar, quando se forma o papel.
A professora Thérèse Hofmann e Marco Antônio apresentaram o trabalho como inovação tecnológica no Congresso Nacional de Celulose e Papel, realizado em outubro de 2003, em São Paulo. O objetivo final do projeto é verificar qual a melhor utilidade que o papel reciclado pode ter. Já se sabe, por exemplo, que é possível obter papel nobre, utilizável para escrita e impressão. A patente do processo foi depositada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
Professora Thérèse Hofmann, coordenadora do Laboratório de Materiais Expressivos, pelo telefone (61) 3307 2317.
fonte: Universidade de Brasília – www.unb.br
Poluição do cigarro
A fumaça de cigarros produz dez vezes mais partículas de poluição do que o escapamento dos modelos novos – e ambientalmente mais corretos – de motor a diesel, afirmam cientistas da Itália e da França.
“As pessoas não têm uma idéia do nível de poluição produzido pelo fumo dentro de casa”, disse o italiano Giovanni Invernizzi, da Unidade de Controle do Tabaco do Instituto Nacional do Câncer em Milão. Partículas microscópicas resultantes de combustão são recobertas por moléculas que podem causar câncer. Outros produtos químicos presentes nessas partículas podem levar ao desenvolvimento de bronquite e doenças cardíacas.
Essas partículas são de tamanhos variados (de 0,1 a 10 milésimos de milímetro), mas todas elas vão parar nos pulmões depois de inaladas. As menores podem entrar na corrente sangüínea.
“Partículas menores que 0,1 micrômetro (milésimo de milímetro) podem chegar ao cérebro e a outros órgãos, causando infarto e derrames”, diz Invernizzi.
Fumaça nas montanhas
Os pesquisadores mediram a quantidade de partículas emitidas durante uma hora por três cigarros dentro de um quarto, e a compararam com o número de partículas emitidas no mesmo intervalo e no mesmo ambiente por um veículo equipado com um motor a diesel moderno.
O estudo foi feito nas montanhas da Itália, na cidade de Chiavenna, onde há pouca contaminação por poluentes.
Os cigarros emitiram partículas em concentrações até dez vezes maiores que o motor. O nível total de particulados foi de 88 microgramas por metro cúbico para o carro e 830 microgramas por metro cúbico para os cigarros.
Os pesquisadores também compararam o tamanho das partículas. Descobriram que os cigarros produziram 15 vezes mais partículas grandes que o carro.
Os autores do estudo, publicado no periódico médico “Tobacco Control”, se disseram surpresos com o resultado. Invernizzi avisa que quartos com janelas fechadas são um problema. “A gente deve ser cuidadoso com o fumo passivo, porque as partículas podem ficar [suspensas] no quarto por muito tempo” diz o italiano.
Não há ainda estudos com motores a diesel mais antigos – como os que movimentam vários caminhões e ônibus no Brasil – dizem os autores. Mas eles dizem que esses motores geralmente produzem cem vezes mais partículas que os modelos novos, ganhando, portanto, dos cigarros.
No entanto, os novos motores estão cada vez mais em uso, devido ao endurecimento de normas ambientais, especialmente na Europa. De acordo com os pesquisadores, isso fará com que os cigarros se tornem uma fonte mais significativa de poluição.
Segundo a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), que mede a poluição na região metropolitana de São Paulo, a média diária de material particulado jogado no ar por veículos é de 150 microgramas por metro cúbico –menos da metade do índice obtido na experiência realizada em Chiavenna.
O pneumologista Chin An Lin, pesquisador do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Escola de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), lembra que, na cidade, costuma-se observar uma equivalência de 70% no índice de poluição atmosférica em ambientes externos e internos. Dentro de uma típica casa paulistana, há cerca de 105 microgramas por metro cúbico –para a Cetesb, valor inserido na faixa “regular” de qualidade do ar.
Segundo Lin, estudos anteriores mostram que os poluentes inspirados ao ar livre nas metrópoles correspondem a fumar dois ou três cigarros por dia. “Ao colocar um fumante passivo dentro de uma sala, ele vai respirar ainda mais material particulado”, diz. “É risco em cima de risco.”
Mesmo que o estudo provoque uma reação crítica de grupos antitabagistas, dificilmente os fabricantes conseguiriam reduzir a geração de material particulado, produzido pela queima do papel e dos compostos. “Não é como o filtro, colocado para “segurar” as outras substâncias como a nicotina”, afirma o pesquisador. “Todo o material conhecido pela indústria que pudesse substituir o usado hoje vai ser queimado e, por conseqüência, vai produzir material particulado.”
Basta saber se a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que examina a composição do cigarro no Brasil, exigirá padrões máximos de material particulado como já pede de nicotina, alcatrão e monóxido de carbono.
fonte: Portal da Saúde Pública do Pará – portal.sespa.pa.gov.br
Ano da Publicação: | 2010 |
Fonte: | http://www.setorreciclagem.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=553 |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |