O que você faz com o lixo que produz? Cerca de 900 toneladas são despejadas nos depósitos e aterros sanitários da Região Metropolitana de Belém (RMB) todos os dias. Mas nem tudo que vai para a lixeira deixa de ter valor. Determinados tipos de plásticos, papéis, vidros e outros objetos podem ser reaproveitados. Porém, como a coleta seletiva ainda não é um hábito para a maioria da população, estes materiais acabam se perdendo.
Felizmente, há várias iniciativas de preservação do meio ambiente através da reciclagem. A dona-de-casa Graça Gaia, 58 anos, por exemplo, cultiva o hábito de separar o lixo que produz há pelo menos oito anos, pois sabe que, além da importância ambiental, existem pessoas que fazem do lixo a sua única fonte de renda.
A prática deu certo durante dois meses aqui no condomínio, mas depois as pessoas foram deixando de lado, mais ainda quando roubaram os containers. A principal razão pela qual ainda faço isso é porque, além de fazer a minha parte e ficar com a consciência tranquila, os catadores vêm aqui todos os dias.
Sem eles, a cidade estaria mais suja. Pessoas como Maria Lídia, 64 anos, vivem exclusivamente daquilo que conseguem encontrar nas ruas e nos lixões. Estou nesta vida desde os 13 anos de idade, quando cheguei aqui em Belém. Tenho cinco filhos adultos e foi com o dinheiro que consegui trabalhando no depósito que pude dar um conforto para eles, diz.
Recolhimento
Ela faz parte da Associação de Catadores da Coleta Seletiva de Belém (ACCSB), responsável pelo recolhimento de materiais recicláveis separados por moradores e estabelecimentos comerciais nos bairros do Umarizal, Nazaré e parte do Reduto.
A associação executa o projeto Coleta Seletiva de Porta em Porta. Neste projeto, a Secretaria Municipal de Belém (Sesan) oferece infraestrutura e resgata dos lixões, como no bairro do Aurá, em Ananindeua, catadores e suas famílias, como Raimunda Araújo, 48, e Ana Cristina Araújo, 23. No começo, eu levava comida para minha mãe e, quando completei 13 anos, resolvi ajudar ela e o meu pai, que preferiu continuar no Aurá.
A associação fica na travessa Padre Eutíquio, na Cremação, e coleta materiais como papel branco, papelão, ferro, cobre, alumínio, vidro, isopor, garrafas pet, entre outros. Aqui funcionam quatro grupos de coleta, que vão aos supermercados, bancos e casas buscando material e doações. Nós oferecemos o depósito e os instrumentos, o resto é com eles. Os ganhos variam, pois dependem do que conseguem armazenar e revender, mas gira em torno de R$ 190 para cada um, semanalmente, diz a coordenadora pedagógica do projeto, Raimunda Cordeiro.
Além da ACCSB, existem outros grupos de catadores espalhados na cidade, como a Cooperativa de Catadores de Material Reciclado (CCMR), no bairro da Terra Firme. Porém, para que eles continuem fazendo este trabalho, é importante que a população colabore.
Empresários como Francisco Vallenoto, 39 anos, dão o exemplo e ajudam a manter a cidade limpa. Apesar de morar no centro, ainda observo alguns lixões a céu aberto próximo do meu estabelecimento. Há cinco meses, descobri um grupo que recolhia papelão dentre aqueles entulhos e então firmei uma parceria. Como eu produzo excedente deste material, sempre que tenho uma quantidade razoável ligo para eles virem buscar. Assim ganhamos todos nós, principalmente o meio ambiente.
Fonte: Diário do Pará
Ano da Publicação: | 2010 |
Fonte: | http://www.reciclaveis.com.br/noticias/00911/0091125vidas.htm |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |