Pesquisa inédita no mundo descobre formas de reduzir a fuligem e eliminar a fumaça preta da queima de pneus, além de extrair desse procedimento combustível para a indústria
Yeda S. Santos
As indústrias química, de cimento e de papel e celulose podem economizar energia, durante o processo produtivo, se forem utilizados métodos resultantes da reciclagem de pneus, desenvolvidos pelo Laboratório de Análise Térmica, do Departamento de Metalurgia e de Materiais, da Escola Politécnica da USP. A partir desses experimentos, é possível extrair gás, óleo e carvão, que servem como combustíveis.
Jefferson Caponero, doutorando da Poli, pesquisa o assunto sob a orientação do professor Jorge Tenório. Foram verificados avanços, nesse tema, após estudos realizados em Boston, nos Estados Unidos. Ali Caponero concluiu que a queima pode ser a mais completa possível, evitando danos ao meio ambiente. Estes ocorrem porque a combustão gera muito material que não se degrada totalmente em curto espaço de tempo. O pesquisador estudou variações de temperatura de fornos, composição de gases ali introduzidos, tempo de residência do material e tamanho de partículas, para entender melhor o processo de combustão. O carvão, segundo ele, é um dos insumos mais caros que existem. “Seu preço unitário é baixo mas, por ser utilizado em grande quantidade, sai quase tão caro quanto a energia elétrica”, explica. O pneu velho é resíduo, portanto, um problema. Se este problema for resolvido, transformando resíduo em produto (carvão), ele será mais barato devido à sua origem. Aí se verifica o lucro. Mas, ainda que tivesse o mesmo preço do carvão, o maior poder calorífico do pneu economiza energia.
“Se conseguirmos um processo de queima do pneu que se equipare em emissões ao carvão, ele ganha o mercado”, deduz Caponero. O trabalho está sendo finalizado e estará concluído no início do próximo ano mas informações para empresas e interessados já estão disponíveis. Resultados da pesquisa serão publicados em revistas internacionais e disponibilizados para o mundo todo.
Caponero empreendeu pesquisa inédita. “Muitas pessoas trabalham com pneus mas a utilização de filtro cerâmico com variações de temperatura na emissão de poluentes durante o processo de combustão é única no mundo”, esclarece.
A extração de produtos se dá por pirólise e não por queima. Pirólise é o processo através do qual ocorre degradação térmica com ausência de oxigênio. ‘À medida em que a temperatura aumenta, o material vai se tornando gasoso, semelhante ao aquecimento de água; parte dela vai-se transformando em vapor. “Uso normalmente o nitrogênio, para chegar ‘à volatização do material, que pode ser condensado em outro local: isso é pirólise”. Daí, extraem-se óleo, carvão e gás para serem utilizados como combustível, em processos industriais. O óleo é usado na indústria química , obtido após condensação e decantação, utilizável na liquefação de carvão coque. Por ter hidrocarbonetos, pode ser usado como substituto do petróleo em algumas indústrias petroquímicas, já que é rico em compostos orgânicos. O gás, combustível por excelência, é consumido dentro da própria empresa, na produção de óleo e carvão. Serve internamente e não sai do processo. “Uma vez gerado, aquece a caldeira onde será feita a pirólise de mais pneus e este pneu gera mais gás que volta para reaquecer”.
Quanto mais completa a queima de pneus, menor a quantidade de poluentes gerada. E será mais rápida e completa, quanto maior for a temperatura do forno. Situação que conserva um problema e uma solução, pois “quanto maior a temperatura mais fuligem é gerada”, enquanto a quantidade de poluentes, de modo geral, diminui, devido à rapidez da queima.
Os estudos de Caponero chegaram a 99% da diminuição da quantidade de fuligem, a partir da utilização de filtro de carbonito de silício, japonês, opção não muito barata, mas efi
Ano da Publicação: | 2004 |
Fonte: | USP |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |