RECICLAGEM DO ENTULHO NA CONSTRUÇÃO

O entulho da construção civil – uma montanha diária de resíduos formada por argamassa, areia, cerâmicas, concretos, madeira, metais, papéis, plásticos, pedras, tijolos, tintas, etc – tornou-se um sério problema nas grandes cidades brasileiras. E deveria estar na pauta das administrações municipais, já que a partir de julho de 2004, de acordo com a resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), as prefeituras estarão proibidas de receber os resíduos de construção e demolição no aterro sanitário. Cada município deverá ter um plano integrado de gerenciamento de resíduos da construção civil.



“Há muitos anos as políticas públicas estão voltadas ao lixo domiciliar e ao esgoto. Ignora-se o problema do resíduo da construção”, avalia o professor Vanderley John, do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da USP. Envolvido com o estudo de resíduos da construção desde 1997, o professor é coordenador de um projeto de pesquisa desenvolvido em conjunto pela Escola Politécnica da USP e o Sinduscon SP. Integrado ao Programa de Tecnologia Para Habitação (Habitare), da FINEP, o projeto visa desenvolver normas técnicas para facilitar a reciclagem, além de metodologias de controle de qualidade dos produtos gerados. Outra meta é investigar novas aplicações para estes resíduos.



De acordo com o professor, resultados de pesquisas anteriores demonstram que as características dos resíduos de construção são muito variáveis. As tecnologias existentes não conseguem medir as características dos resíduos em tempo real de forma que mesmo agregados reciclados de excelente qualidade são empregados em funções menos exigentes, desvalorizando o produto. Assim, uma das metas mais ambiciosas da pesquisa é desenvolver um conjunto de tecnologias de caracterização dos resíduos que torne possível a identificação rápida e segura das oportunidades de reciclagem mais adequadas para cada lote. O objetivo é ampliar o mercado para os produtos reciclados e valorizar a fração de boa qualidade.



A expectativa da equipe é exportar a tecnologia para o mercado internacional, especialmente o Europeu, que está em franco desenvolvimento. De acordo com o professor, mesmo em paises europeus, como a Holanda, os métodos de controle de qualidade dos agregados reciclados ainda são precários. Ainda hoje são adotados métodos de caracterização da composição através de catação manual das diferentes frações, em um trabalho tedioso, caro e demorado. No projeto em andamento, este processo artesanal será substituído por um processo informatizado, de tratamento e análise de imagens digitais, geradas por câmeras de baixo custo.



Para desenvolvimento das metodologias, estão sendo estudados agregados reciclados reais de duas centrais de produção de agregado reciclado em São Paulo – um delas em Itaquera, e outra em Vinhedo (foto ao lado). “Os resultados preliminares confirmam a grande variabilidade desse entulho. Mesmo em cidades bastante próximas, os resíduos se mostraram bastantes diversos em sua composição”, avalia o engenheiro Sérgio C. Angulo, cujo doutorado é uma das pesquisas em desenvolvimento no âmbito do projeto. Segundo o pesquisador, talvez a constatação mais importante seja de que a qualidade média dos agregados é muito superior ao esperado.



As pesquisas neste campo vêm também gerando diversas publicações e trazendo colaborações na produção de documentos na área de reaproveitamento de resíduos da construção. Atualmente a equipe participa da redação de um texto para subsidiar documentos da Câmara Ambiental da Indústria e de São Paulo. Também participou da elaboração de uma norma para orientação das atividades em áreas de transbordo e outro para áreas de triagem de resíduos da construção – os documentos já foram encaminhados à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Em breve o grupo deve enviar à associação um novo documento, que tem como abordagem o reaproveitamento do resíduo da con

Ano da Publicação: 2007
Fonte: http://www.escolher-e-construir.eng.br/Artigos/reciclagem/pag1.htm
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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