Mônica Pinto / AmbienteBrasil
Há algum tempo circula na internet um e-mail alertando que apenas uma gota de óleo de fritura, descartado pela pia, seria capaz de contaminar milhares de litros de água dos rios. A mensagem é incorreta. Primeiro, porque a informação foi transmitida como sendo de autoria da Sabesp – a companhia de saneamento básico do Estado de São Paulo -, o que a própria desmentiu em um comunicado.
Segundo, porque a Sabesp desmentiu também a advertência. Esclareceu na mesma nota que, se o óleo doméstico for jogado nos ralos e vasos sanitários, ele não vai de maneira nenhuma contaminar a água, já que seu destino será as Estações de Tratamento de Esgotos, lugar onde termina retido.
A empresa recomendou, porém, que o óleo doméstico não seja jogado nos ralos e vasos sanitários dos imóveis, pois, ainda que nas Estações de Tratamento ele seja tratado sem problemas, o acúmulo de óleos e gorduras nos encanamentos pode causar entupimentos, refluxo de esgoto e até rompimentos nas redes de coleta.
É para minimizar tais riscos que a Sabesp recomenda a instalação de Caixas Retentoras de Gordura nas residências.
A existência de caixa de retenção é, inclusive, uma exigência para a instalação da primeira ligação de esgoto em alguns ramos de atividade, a exemplo de restaurantes, lanchonetes, padarias, supermercados e shopping centers, entre outros previstos na legislação.
A mensagem errônea na internet tem ao menos a serventia de, assim, chamar atenção para mais um problema, entre tantos outros observáveis no campo do descarte de resíduos. A Sabesp estima que uma família gere em torno de 1,5 litro de óleo de cozinha por mês. O que fazer com aquela sobra na frigideira?
Como em relação a outros resíduos, reciclagem é a opção que surge e já se mostra bem sucedida. Em São Paulo, a preocupação em reutilizar o óleo resultante da fritura culminou com a assinatura, pelo então governador Geraldo Alckmin, em 21 de setembro de 2005, da Lei n° 12.047, que institui o Programa Estadual de Tratamento e Reciclagem de Óleos e Gorduras de Origem Vegetal ou Animal e Uso Culinário.
Na ocasião, a Secretaria de Serviços do município de São Paulo, responsável pela coleta de lixo na cidade, informou a Sabesp que existia um estudo em curso para disponibilização de áreas destinadas a reciclar o óleo doméstico.
Mais uma vez, contudo, foi o terceiro setor que antecipou as ações. Na região do Grande ABC, a ONG Instituto Triângulo desenvolve, já há alguns anos, um trabalho de coleta do óleo usado, por intermédio de seus agentes socioambientais, que atuam ainda como disseminadores de informações sobre ações de preservação ambiental, inclusão social e consumo consciente.
As visitas são mensais e atingem 25 bairros na cidade de Santo André – onde fica a sede da ONG -, um bairro em São Bernardo e cinco em São Caetano.
Todo o óleo arrecadado segue para reciclagem em uma usina própria do Instituto Triângulo, que proporciona a jovens de comunidades carentes a primeira oportunidade de emprego, além de noções de cidadania e educação ambiental.
Nela, são produzidos dois diferentes produtos, classificados como “ecoeficientes”: o sabão em pedra e o sabonete. Os recursos arrecadados com a venda desse material viabilizam a coleta do óleo nas residências e possibilitam projetos de inclusão social em núcleos habitacionais de baixa renda.
Na região oeste do Paraná, também já existe um exemplo digno de menção. A empresa Mercofrig lançou, em dezembro passado, o Programa de Coleta de Óleo de Frituras – Procof. Iniciado na cidade de Foz do Iguaçu, hoje atinge hotéis, restaurantes, lanchonetes, hospitais, condomínios e residências. São mais de 200 estabelecimentos comerciais, distribuídos pelos 22 municípios que já se integraram ao progr
Ano da Publicação: | 2007 |
Fonte: | http://www.valeverde.org.br/html/dicas2.php?id=55 |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |