Reciclagem, um bom negócio

Como o Brasil conseguiu fazer da reciclagem de latinhas de alumínio um case de sucesso que levou o País a ocupar, pelo quarto ano consecutivo, a liderança mundial no ranking de recicladores, com índice de 95,7% de toda a produção do ano passado

Especialistas afirmam que até transformar em novos produtos 121,3 mil toneladas ou 9,3 bilhões de unidades – volume reciclado em 2004 – ocorreram várias alterações na cadeia produtiva e no comportamento do consumidor. O coordenador de Reciclagem da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), José Roberto Giosa, aponta o engajamento da classe média e o crescimento da quantidade de cooperativas como fatores que contribuíram para que a matéria-prima conquistasse cada vez mais valor de mercado.



O incremento de pontos de coleta em todas as regiões por parte de empresas, ONGs e órgãos públicos também encurtou a distância entre quem compra e quem vende, eliminando em grande parte a figura do atravessador, explica Giosa, considerado um dos maiores conhecedores do comportamento do mercado brasileiro de reciclagem. Segundo afirmou não é somente a questão social que está fazendo com que, ano a ano, o mercado consiga aumentar o volume de latinhas de alumínio recicladas.



– Houve uma mudança de perfil na coleta, que deixou de ser feita exclusivamente pelos catadores. Condomínios de classe média estão selecionando as latas e vendendo-as para ajudar a cobrir os custos mensais. Garçons, balconistas e outros profissionais de bares e restaurantes também separam e vendem esse material. Outro segmento que aderiu à iniciativa foi o dos aposentados, em busca de uma complementação de renda. Tudo isso contribui para que a matéria-prima chegue cada vez mais limpa ao destino final e seja a mais valorizada do mercado de reciclagem no Brasil – afirma Giosa. Ele acrescentou que o quilo de latinhas varia entre R$ 3,20 e R$ 3,70.



Segundo Giosa, as suas conclusões são amparadas não-somente na observação, como profissional ligado ao setor, mas também em um levantamento estatístico que demonstrou que, de 2001 a 2004, a participação de condomínios e clubes de classe média na coleta de latinhas passou de 10% para 19%. No período houve também incremento de 43% para 52% na contribuição das cooperativas e associações de catadores no processo de recolhimento.



– Sem dúvida, o Brasil conquistou grandes avanços nesse segmento, dos anos 90 até agora. Na primeira fase tivemos como grande desafio a implantação da iniciativa da reciclagem, em seguida foi necessário consolidá-la e agora precisamos manter os índices alcançados – reforça Giosa. Ele acrescentou que o País chegou ao auge da sua capacidade de reciclar as latas de alumínio e que qualquer incremento a partir de agora será pequeno.







Ganham todos os segmentos envolvidos



O coordenador concluiu que saem ganhando o Governo, a população, as ONGs e todos os segmentos envolvidos com a reciclagem das latas, já que o País economiza energia, deixa de tratar matéria-prima como lixo e aumenta o tempo de vida útil dos aterros sanitários, além de gerar renda e de poupar as reservas de bauxita – mineral utilizado na produção do alumínio. Para Giosa esse bom exemplo brasileiro poderia servir de base para nortear uma legislação no setor, e lamenta que o projeto de Política Nacional de Resíduos Sólidos esteja emperrado desde a década passada.



O diretor-executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas), Paulo Camillo Penna, também destacou que os catadores, o primeiro elo da cadeia da reciclagem de latas de alumínio, estão se organizando em cooperativas e conseguindo melhores preços no mercado por causa do ganho de escala e da qualidade do material.



– Antigamente a cadeia de reciclagem envolvia o catador e até três depósitos, que agiam como intermediários, a indústria recicladora de alumínio e a fabricante de novas chapas. Agora esse percurso foi encurtado e quem co

Ano da Publicação: 2005
Fonte: www.abrelpe.com.br
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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