Não é preciso ser nenhum cientista ambiental ou ecologista, para percebermos que a deteriorização do meio ambiente é um fato presente e uma realidade dolorosa dos nossos dias; para isso basta ligarmos a televisão ou caminharmos pelas ruas das grandes cidades. Além disso, também não é necessário ser um cientista social para visualizarmos a degradação da condição humana dessas mesmas cidades. A pergunta que se coloca é: existirá correlação entre esses dois fatos? Será que a moderna ciência apenas consegue apontar os problemas do atual momento histórico da humanidade, porém é incapaz de indicar rumos ou alternativas para resolver os problemas básicos da sobrevivência humana?
O desdobramento histórico da revolução industrial parece apontar para um paradoxo: como sobreviverá um modelo de desenvolvimento baseado na exploração de recursos naturais sem autosustentação e desconhecendo as mais elementares noções dos processos ecológicos?
A esse claro paradoxo, a economia de mercado começa a responder sobre a forma academicamente conhecida como os três erres: (R)edução; (R)eaproveitamento e; (R)eciclagem. Defini-se “Redução” como a introdução de novas tecnologias na exploração, transporte e armazenamento das matérias-primas, com o objetivo de reduzir ou, se possível, eliminar o desperdício dos recursos retirados do planeta. Já “Reaproveitamento” é a reintrodução no processo produtivo, de produtos já não mais apropriados para o consumo, visando a sua recuperação e recolocação no mercado, evitando assim, o seu encaminhamento para o lixo. O “erre” denominado “Reciclagem”, consiste na reintrodução, no processo produtivo, dos resíduos, quer esses sejam sólidos, líquidos ou gasosos para que possam ser reelaborados, dentro de um processo produtivo, gerando assim um novo produto. O objetivo é, também, evitar o encaminhamento destes resíduos para o lixo. Os processos produtivos podem ser considerados do ponto de vista econômico ou cultural.
Os três erres, na verdade, se propõem ativar as propriedades sistêmicas do ciclo produtivo, de forma que cada vez mais, o lixo potencial seja transformado em insumo substituindo, até o limite do possível, as preciosas matérias-primas naturais.
Desses três erres, acreditamos ser a reciclagem a opção que pode impactar, sobremaneiramente e a curtíssimo prazo, a qualidade de vida ambiental e humana, tendo em vista que a sua adoção não só gerará direta e indiretamente empregos, bem como, na outra ponta, evitará todos os problemas e custos ambientais, sociais e de saúde da população.
As experiências de sucesso de várias organizações brasileiras, conseguidas com a uma política de tratamento de resíduos, que desenvolvem programas ou projetos para utilização de materiais reciclados, ou sistemas de coleta seletiva, sejam estas privadas ou públicas, necessitam ser multiplicadas com o objetivo de reproduzir as mesmas experiências, em outros ambientes, e assim gerar uma massa crítica suficiente para que se possa alterar as culturas organizacionais, e se estabelecer um novo padrão, ou patamar de gerenciamento empresarial.
A Xerox do Brasil tem desenvolvido, dentro de uma política ambiental clara, programas, projetos e atividades visando o objetivo de um desenvolvimento sustentável.
Podemos inclusive nos utilizar do exemplo dessa organização para demonstrar como a tecnologia disponível pode tornar a vida do cidadão comum, mais fácil e confortável. Porém o mais importante, são as respostas que a ciência aplicada tem trazido para os problemas enfrentados pela humanidade. Neste ponto, o emprego de tecnologia de ponta nos processos de recicladores tem permitido que novos materiais pudessem ser incluídos no rol dos passíveis de reciclagem, inclusive minimizando os custos de antigos processos.
Por último devemos considerar que a globalização dos meios de comunicação de massa, atingida através da Internet, repercute por toda a humanidade de maneira ainda difícil de ser avaliada. Porém, certamente, a troca livre de informações e conhecimento enriquece qualquer pesquisa acadêmica, permitindo o intercâmbio de dados e experiências. É de Tapscott (The Digital Economy, 1995) o conceito de que “a nova economia será uma economia do conhecimento baseada na aplicação do conhecimento humano a tudo que é produzido nela. Nessa nova economia, mais e mais seu valor agregado será criado pelo cérebro ao invés do braço”.
Objetivo:
Lançar uma linha de pesquisa de Reciclagem, no sentido de estudar e pesquisar a legislação e as diversas experiências com resultados positivos alcançados, quer pelos órgãos governamentais, quer por organizações privadas, com enfâse na política empresarial desenvolvida.
Além disso, objetivamos divulgar através da Home Page da Reciclagem, http://www.unb.br/admin/hpr.htm todo o conhecimento adquirido durante a fase de pesquisa, com o intuito de gerar um corpo de conhecimento acessível a qualquer pessoa ou organização.
Motivação:
Um dos seguros indicadores do nível de qualidade de vida de uma população pode ser mensurado através do respeito aos diversos ecossistemas em que o Homem se encontra inserido.
Há alguns anos, a prioridade do empresariado, era exclusiva com o mercado, a produtividade e o lucro. A pressão social por condições ambientais humanamente dignas, vem fazendo com que as organizações percebam que seus produtos não podem deixar de atender aos anseios do seu público-alvo.
A busca de alternativas que organizem a sociedade de forma a equacionar a necessidade de crescimento econômico, porém com o objetivo de melhoria constante da qualidade de vida através de uma política ambiental não agressiva e preservacionista, é sem dúvida um grande motivador.
Verificar a possibilidade de integração harmônica, em empresas privadas, das noções de desenvolvimento sustentável e da busca do lucro e da produtividade como conseqüência de sua estratégia apoiada numa visão do ecossistema, que é a tese defendida por Moore (The Death of Competion, 1996) também transforma-se num enorme desafio. Em sua proposta estratégica para a era dos ecossistemas de empresas, Moore apresenta sua metáfora ecológica alicerçada pelas experiências nas florestas secas da Costa Rica, onde por mais de três milhões de anos, novas espécies tem chegado e as sobreviventes, ou nativas, dependem da vigorosa defesa de seus nichos, ou habitats, através da qual desenvolvem e aperfeiçoam seus níveis de proteção. A interferência humana no sentido de priorizar a sobrevivência das espécies nativas, busca controlar o número de espécies exóticas, ou externas, que conseguem se estabelecer.
A capacidade de recuperação do ecosistema da floresta Costa Ricense, é demonstrada pelo sucesso das iniciativas ambientalistas iniciadas em 1971, que, segundo os estudos, conseguiram reestabelecer o equilíbrio à floresta durante os próximos 50 anos. O que Moore aponta (ele compara a situação no Hawaii e na Costa Rica) é que os ecosistemas diferem na sua capacidade de recuperação. A proposta estratégica de Moore é de que os empresários mudem sua percepção e adotem uma visão onde se vejam eles próprios parte de um ecosistema muito semelhante da forma que os organismos biológicos participam do ecosistema que os hospeda e guarda. Acredita assim que ao invés de pensar em sua empresa ou seu cliente, a estratégia de pensar em seu ecosistema será uma estratégia vencedora.
Adequação deste projeto a essa estratégia consiste em pensar no ecosistema e assim difundir o conhecimento gerado pelo estudo e pesquisa, consubstancia-se na possibilidade de, através da Internet, difundir inovações tecnológicas e políticas governamentais ecologicamente corretos e empresarialmente bem sucedidos.
Estado da Arte:
A Ecologia vem deixando as trincheiras radicais do pioneirismo dos intelectuais “verdes”, para transformar-se em desafio social imenso e aceito cada vez de modo mais amplo. Isto ocorre em todos os níveis: sociais, econômicos, políticos e acadêmicos, onde buscam-se soluções que possam devolver a perspectiva de um meio-ambiente saudável o suficiente para a manutenção da qualidade de vida humana.
As políticas de desenvolvimento econômico sustentável ainda não deixaram totalmente as pranchetas dos ecologistas sonhadores, faltando superar as dificuldades inerentes de um sistema econômico e social baseado na exploração irracional de recursos, de consumo desenfreado e de uma cultura “do descartável”.
Metodologia:
Revisão Bibliográfica, que será desenvolvida sob três prismas:
1. Governo – buscando levantar a legislação pertinente e os projetos-de-lei em trânsito na esfera governamental e os órgãos estatais responsáveis pelo cumprimento. Além disso, levantar e identificar as políticas governamentais, internacionais e nacionais, para o setor e projetos desenvolvidos ou amparados pela esfera do Governo brasileiro.
2. Empresariado – levantar o material existente sobre as atividades de reciclagem das mais diversas empresas, organizando-se sobre seis diferentes enfoques:
.empresas cuja atividade constitui-se basicamente da exploração dos recursos naturais;
.empresas que produzem materiais essenciais para o atual modelo de desenvolvimento, mas cujo processo produtivo ou seus respectivos resíduos são de difícil absorção pelo meio ambiente;
.empresas que buscam apenas manter uma imagem de ecologicamente corretas;
.empresas que buscam mudar sua cultura devido a uma consciência ecológica assumida e aceita;
.empresas preocupadas em obter a certificação ISO 14.000, como vantagem competitiva;
.empresas do setor do “ecobusiness”.
3. além disso, levantaremos todo o material disponível existente no CEMPRE – Compromisso Empresarial para a Reciclagem. Entidade sem fins lucrativos, sediada em São Paulo que congrega várias grandes, médias e pequenas empresas comprometidas com o ideal de trabalhar com políticas e materiais reciclados.
Pesquisa pela Internet – a fim de buscar um intercâmbio com outros trabalhos desenvolvidos a nível nacional e internacional. Experiências já implementadas são de interesse para o nosso grupo de pesquisa.
Pesquisa de Campo – Constará de estudo das políticas, programas, projetos e atividades desenvolvidas especificamente pela Xerox do Brasil.
Dar continuidade ao projeto “Home Page da Reciclagem”, página na Internet, já mencionada e instalada por esta equipe, como parte de trabalho extraclasse da disciplina de Administração de Recursos Materiais no ano de 1996, hoje com mais de 4.000 visitas, que tem como objetivo difundir todas as informações e conhecimentos adquiridos durante as pesquisas (bibliográfica e de campo), bem como estimular a contribuição de outros pesquisadores que desejem adicionar conhecimento através do intercâmbio de experiências.
Distribuição:
Os trabalhos estarão distribuídos da seguinte forma: entre os alunos pesquisadores:
ao primeiro pesquisador:
1. Revisão Bibliográfica:
Governo – buscando conhecer os protocolos e acordos internacionais e nacionais, levantando, também a legislação pertinente e o projetos-de-lei em trânsito na esfera governamental. Além disso, identificar as políticas governamentais para o setor e os projetos desenvolvidos ou amparados pelo Governo brasileiro.
Empresariado – buscando normas e regulamentos internos que balizem o comportamento ambiental, particularmente no que tange à reciclagem. Particularmente serão estudas as legislações internas utilizadas pela Xerox do Brasil.
2. Pesquisa de Campo:
Governo – buscar informações nos órgãos governais, buscando definir as ações práticas do estado na busca de uma melhora na qualidade ambiental.
Sociedade Civil – buscando ações implementadas no que tange à preservação do meio-ambiente, desenvolvidas por federações e associações civis e por organizações não-governamentais-ONG’s.
Empresariado – pesquisa de campo sobre as políticas, projetos, programas e ações empresariais bem-sucedidas na utilização e tratamento de resíduos produtivos. Particularmente será estudada a Xerox do Brasil.
3. tratar todos os dados obtidos, objetivando concluir o trabalho através de um corpo de estudo acadêmico.
ao segundo pesquisador:
1. Revisão Bibliográfica na Internet:
Governo – buscando conhecer os protocolos e acordos internacionais e nacionais, levantando, também a legislação pertinente e o projetos-de-lei em trânsito na esfera governametal. Além disso, identificar as políticas governamentais para o setor e os projetos desenvolvidos ou amparados pelo Governo brasileiro.
Empresariado – buscando normas e regulamentos internos que balizem o comportamento ambiental, particularmente no que tange à reciclagem. Particularmente serão estudas as legislações internas utilizadas pela Xerox do Brasil.
2. Disponibilizar todo o material levantado, quer este tenha sido obtido através de Revisão Bibliográfica tradicional, ou pela Internet; quer seja todo o material organizado através da pesquisa de campo
3. tratar todos os dados obtidos, objetivando concluir o trabalho através de um corpo de estudo acadêmico.
Bibliografia:
A Questão Ambiental – o que todo empresário precisa saber; Edição Sebrae; 1996; 2ª edição; 145 páginas.
Conferência das Nações Unidas Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – Agenda 21; Centro Gráfico do Senado Federal; Brasília; 591 páginas.
Kapra, Franz e Outros; Gerenciamento Ecológico – Ecomanagement; Editora Cultrix/Amana; São Paulo; 1993; 203 páginas.
Pádua, José Augusto e Lago, Antônio; O Que É Ecologia; Coleção Primeiros Passos, Editora Brasiliense; 1995; 12ª Edição; São Paulo; 108 páginas.
Publicações do CEMPRE – Compromisso Empresarial para a Reciclagem:
Série: Cadernos de Reciclagem
Coleta de Papel no Escritório
O Papel das Prefeituras
Coleta Seletiva nas Escolas
A Contribuição da Indústria
A Contribuição das ONG’s
Compostagem: A Outra Metade da Reciclagem
Manuais: Reciclagem & Negócios
Recicladora de Plástico
Recicladora de Papel de Jornal
Coleta Seletiva e Sucateiro
Fichas Técnicas:
Papel de escritório, papel ondulado, plástico filme, lata de alumínio, lata de aço, vidro, plástico rígido, pneus e embalagens cartonadas.
Reinfeld, Nyles V.; Sistemas de Reciclagem Comunitária – do projeto a administração; Editora Makron Books; São Paulo, 1994, 258 págs.
[Fonte] Desconhecida
Ano da Publicação: | 2010 |
Fonte: | http://sobrelixo.awardspace.com/reciclarpara.php |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |