Recorde de reciclagem ligado à exclusão social

O Brasil é líder do ranking mundial de reciclagem. Esse fato é decorrente principalmente da grande quantidade de catadores existentes no País. È bastante comum em diversos estados ver crianças nas ruas catando latinhas de alumínio para vender. Elas acompanham os pais e ajudam na renda familiar





A coleta de latas usadas envolve aproximadamente 130 mil sucateiros no Brasil, vivendo hoje exclusivamente desta atividade com renda média de dois salários mínimos – dados do Cempre (Compromisso Empresarial para a Reciclagem). Esses catadores são responsáveis por 50% do suprimento de sucata de alumínio à indústria. A outra parte é recolhida por supermercados, escolas, empresas e entidades filantrópicas.



O alto valor do material no mercado de sucata contribui bastante para o aumento do número de pessoas trabalhando na coleta de latinhas. O grande consumo de bebidas enlatadas gera uma quantidade imensa de latas usadas. Pessoas, na maioria das vezes desempregadas, catam latinhas, vendendo-as posteriormente como meio de renda.



O estado do Paraná é o único do País que possui de um estudo detalhado sobre as crianças catadoras. Relatório da Procuradoria Regional do Trabalho de Curitiba, lançado este ano, aponta em primeiro lugar a cidade de Londrina, onde 145 crianças atuam irregularmente nas ruas, como “carrinheiros”. Em segundo lugar vem Campo Mourão, com 109 catadores infantis e, em terceiro Curitiba, com 108. Somados os números de todo o Estado, o resultado é alarmante: 3.370 meninos e meninas com menos de 14 anos estão nesta atividade em 177 municípios.



A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, realizada pelo IBGE em 2000, mostrou 24.340 catadores de lixo em 1.548 municípios. Desses, 22,2% eram menores de 14 anos, ou seja, 5.393 crianças catavam sucata nos lixões. O item mais procurado são as latas de alumínio, por terem alto valor comercial.



Já os dados do PNAD/2005 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mostram uma diminuição no trabalho infantil urbano em relação a 2004. Neste ano foram 916.690 crianças com idade entre 5 a 14 anos envolvidas com trabalhos não agrícolas, o equivalente a 1,425% do total de crianças. Em 2005, o número de crianças entre 5 e 14 anos trabalhando em centros urbanos no Brasil foi de 1.037.521, correspondendo a 1,277% do total de crianças.



O resultado da Fiscalização do Trabalho realizado em 2006 pelo Ministério do Trabalho e Emprego descobriu 8.438 crianças de 0 a 16 anos, excluindo-se os aprendizes, trabalhando no setor formal ou informal da economia. Em 2005 esse número foi de 7.748. Não há uma distinção entre a natureza dos trabalhos realizados por essas crianças, os dados são gerais. Segundo Isa Maria de Oliveira, do Fórum Nacional de Erradicação Infantil, esses números são irrelevantes. As ações de fiscalização não percorrem todos os municípios brasileiros para ter uma avaliação exata sobre o trabalho infantil formal e informal. Os dados são voltados mais para a retirada de crianças do trabalho, por isso, não são fieis a realidade.



De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social, o trabalho infantil tem diminuído. Esse fato pode ser em decorrência da criação, em 1996 do PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil. Resultado da mobilização da sociedade, o principal objetivo do PETI é retirar crianças e adolescentes de 7 a 15 anos de trabalhos perigosos, penosos, insalubres e degradantes. O Programa atende atualmente 1.100.000 crianças em diversos municípios do País. As famílias atendidas recebem uma bolsa de R$ 20,00. As crianças, no horário oposto às aulas da escola, participam do Jornada Ampliada, onde aprendem a fazer arte, praticam esportes e recebem reforço escolar.



De acordo com dados do IPEC – Programa Internacional para Erradicação do Trabalho Infantil os estados brasileiros onde há maior incidência do trabalho informal urbano infantil, onde se incluem crianças catadoras de latinhas, são a Paraí

Ano da Publicação: 2008
Fonte: http://www.setorreciclagem.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=529
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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