Garrafas de refrigerante, latinhas de cerveja, papeis usados ou papelões. O que é descarte nos lares brasileiros tem potencial econômico para grupos que vivem e se sustentam da reciclagem e fazem do lixo uma fonte garantida de dinheiro. Somente na Capital goiana, aproximadamente, 350 pessoas trabalham e sobrevivem do retorno que conseguem nas 17 cooperativas de triagem de recicláveis registradas no programa Coleta Seletiva Goiânia, da Prefeitura.
Segundo o diretor de Coleta Seletiva da Companhia de Urbanização Municipal (Comurg), Mário José de Oliveira, além do sustento dos trabalhadores e seus familiares, o objetivo do programa é a inclusão social. “A maioria das pessoas empregadas nas cooperativas não teriam muitas outras oportunidades de trabalho no mercado devido, especialmente, a baixa ou nenhuma escolaridade que apresentam”, comentou.
Conforme o diretor, os materiais recicláveis são recolhidos pela prefeitura nos bairros da cidade e entregues aos grupos inclusos no programa de acordo com a capacidade de triagem de cada um. Ele conta que, em média, são coletados 2,5 mil toneladas de lixo recicláveis por mês em todo o município.
“Após a separação e a venda dos produtos, os lucros são divididos igualmente entre os cooperados”, explicou Mário. Segundo ele, cada trabalhador consegue tirar de R$ 800 a um pouco mais de R$ 1 mil, mensalmente, dependendo da quantidade de materiais que conseguiram vender no período.
Sobre essa questão, o diretor explica que o volume de vendas e o tipo de material que mais chama atenção do mercado são pontos variáveis nesse segmento. No entanto, ele diz que atualmente a maior procura de galpões e beneficiadoras estão sendo pelo papelão (26%) e pelo papel misto (25%). Outros itens como o material das garrafas de refrigerantes pet, alumínio e outras categorias de recicláveis estão com demanda reduzida.
“Mesmo sendo um mercado que oscila, a coleta seletiva tem garantido a vida de muitas pessoas em Goiânia e esse é o ponto mais relevante. São pessoas que reencontraram a dignidade em um trabalho oficializado”, ressaltou Mário.
COOPERATIVAS
Inclusão social e fonte de renda, como foram destacados pelo diretor de Coleta Seletiva da Comurg, também ilustram o cotidiano na Cooperativa dos Catadores de Material Reciclável – Reciclamos e Amamos o Meio Ambiente (Cooper-Rama). De acordo com a presidenta, Dulce Helena do Vale, aproximadamente 34 pessoas trabalham na cooperativa, que fica no Jardim Curitiba III, em Goiânia.
Segundo Dulce, grande parte do grupo da Cooper-Rama é composta por mulheres que, sozinhas, são o esteio da família. Conforme explicou, a média de retorno dos cooperados chega a R$ 1 mil por mês.
De acordo com a presidenta, o carro-chefe da cooperativa é o papel branco e as garrafas pet. “O preço depende muito de como está a procura no mercado, mas conseguimos até R$ 0,33 pelo quilo do papel e R$ 1,30 pelo quilo do pet”.
Prova de que os preços dos materiais e a renda proveniente da reciclagem variam, são os resultados apresentados pela Cooperativa de Selecionadores de Material Reciclável Família Feliz (Cooper-Fami), localizada na GO-060. Segundo a presidente interina do grupo, Josineide de Jesus Linhares, a cooperativa consegue até R$ 1,10 pelo quilo do pet, material considerado mais lucrativo por eles.
Sobre os rendimentos dos trabalhadores, o valor também é um tanto inferior. Josideide conta que, cada cooperado consegue somar, mensalmente, entre R$ 820 e R$ 850. “Não é muito, mas dá dignidade às pessoas que, muitas vezes, conseguiriam menos que isso em outras atividades. Isso é importante para os trabalhadores, porque todos aqui ajudam ou sustentam sozinhos a família”.
CONSCIENTIZAÇÃO
De acordo com Dulce, presidente da Cooper-Rama, mesmo conseguindo dar passos significativos no que diz respeito à inclusão social, a coleta seletiva em Goiânia ainda precisa de muito amadurecimento. Segundo ela, a iniciativa ainda não cumpriu seu foco, que é de reeducar a população e fazer com que as pessoas reconheçam o valor da reciclagem para o meio ambiente e para o sustento de inúmeras pessoas.
“Quando o cidadão perceber a necessidade da reciclagem e, principalmente, de separar o lixo em casa, a Capital vai começar a tirar esse projeto do papel. Se isso acontecer até a rentabilidade dos trabalhadores das cooperativas será melhorada”, defende a presidente.
Segundo ela, isso só vai acontecer quando o poder público também despertar para o assunto e parar de enfrentar a coleta seletiva como uma lei fácil de ser esquecida. “Falar de sustentabilidade é muito bonito, mas na prática poucos sabem da necessidade de reciclar ou fazem alguma coisa para que isso aconteça”.
Fonte: Thamyris Fernandes (Diário da Manhã)
Ano da Publicação: | 2013 |
Fonte: | reciclaveis.com.br |
Link/URL: | http://www.reciclaveis.com.br/noticias/01305/0130502renda.htm |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |