Reutilização de sucatas eletrônicas

A preocupação está crescendo entre governos do mundo todo em relação ao lixo eletrônico – velhos computadores, televisores, telefones celulares, equipamentos de áudio, baterias etc. – liberando substâncias como o chumbo, que podem atingir o lençol freático e poluir regiões inteiras.



Um único monitor colorido de computador ou televisor pode conter até três quilos e meio de chumbo. Nos Estados Unidos, país para o qual as estatísticas são mais precisas, estima-se que 12 toneladas do chamado e-lixo cheguem anualmente aos aterros sanitários.



A preocupação atingiu tal nível que alguns países europeus estão forçando os fabricantes a pegar de volta os equipamentos eletrônicos descartados pelos usuários. Nos Estados Unidos, os estados da Califórnia e Massachusetts baniram o lixo eletrônico de seus aterros sanitários. Mas algumas autoridades já estão vislumbrando além dessas medidas proibitórias, buscando uma solução definitiva.



Um estudo em andamento no Georgia Institute of Technology (Estados Unidos) poderá oferecer um modelo para outros estados e países. Os pesquisadores desenvolveram um sistema de “produção reversa” que cria uma infra-estrutura para a recuperação e reutilização de cada material contido no lixo eletrônico: metais como cobre, chumbo, alumínio e ouro, além de plásticos e vidros. Esse circuito fechado de fabricação e recuperação oferece uma situação do tipo “ganha-ganha” para todos os envolvidos, afirmam os pesquisadores. Haverá menor pressão para a mineração de mais matéria-prima da Terra e a água potável estará melhor protegida.



“Mas este simples conceito exige um grande volume de idéias novas,” disse Jane Ammons, professora da Escola de Engenharia e Sistemas Industriais. Juntamente com o químico Matthew Realff, Ammons está criando métodos para planejar sistemas de produção reversa que irão coletar o e-lixo, separar os componentes e utilizar esses componentes e materiais novamente – tudo isto de maneira a tornar o processo viável economicamente.



A pesquisa já atraiu a atenção de autoridades de Taiwan e da Bélgica, além de várias empresas multinacionais fabricantes de equipamentos eletrônicos.



A mesma equipe concluiu um projeto para reciclar carpetes retirados de uso. Agora eles estão utilizando suas descobertas naquele estudo para modelar a infra-estrutura regional e nacional necessária para uma coleta eficiente e economicamente viável do lixo eletrônico.



“É uma questão de ver o lixo como um recurso,” disse Ammons. Um elemento chave no enfoque adotado pelos pesquisadores é um modelo matemático para prever o sucesso econômico dos esforços de recuperação do lixo. A modelagem é necessário dada a incerteza inerente a uma questão com um enorme número de variáveis: quantidades, locais, tipos e condições das peças, além de inúmeros aspectos do transporte do material para o local da recuperação.



“Para os engenheiros químicos, este é um problema desafiador que não foi inteiramente estudado,” disse Realff. “É incrível. Nós estamos criando uma nova arquitetura para sistemas de separação.” A partir deste trabalho, novas indústrias e infra-estrutura deverão ser criadas para recuperar não apenas o e-lixo, mas também as sucatas de automóveis e outros bens duráveis. Os métodos estudados vão desde a separação magnética de peças em uma correia transportadora até sistemas de flotação, onde bolhas de ar grudam em substâncias diluídas em água ou outro líquido, levando-as à superfície, onde são recolhidas.



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