Rio de Janeiro sofre com os problemas do lixo

Rio de Janeiro, cidade maravilhosa, belas praias e paisagens, um verdadeiro cartão postal do Brasil, mas por trás de tanta beleza, a cidade vive um grande problema: – como lidar com a quantidade de lixo espalhada pela cidade?

Conheci o Rio há alguns anos atrás e me assustei com a quantidade de lixo nas ruas. Perguntei ao porteiro do hotel se a companhia de lixo estava em greve, e ele me disse: – que nada, isso aqui é normal, os caminhões nem sempre passam nos dias determinados e o lixo vai se acumulando. Passados alguns anos, vejo que a situação continua a mesma.

Rio só reaproveita 3% das 8,4 mil toneladas de lixo geradas por dia.

Cidade que vai sediar a Rio+20, conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável, em junho, recicla apenas 3% de seu lixo (252 toneladas das 8.403 geradas diariamente). A Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) tem participação mínima nesse percentual já diminuto: só separa 22,68 toneladas, ou 0,27%. Os outros 2,73% ficam a cargo de catadores autônomos ou de cooperativas.

Com isso, o Rio — que há 20 anos foi anfitrião do maior encontro sobre meio ambiente da História — joga fora uma oportunidade de se equiparar a metrópoles como Berlim e Tóquio famosas por não desperdiçarem seus recursos naturais. Ilustrando com números as capitais europeias recuperam, em média, 40% de seus resíduos.

Por que os cariocas ainda não têm seu lixo reciclado?

Um dos principais motivos é a falta de investimento. Dos 160 bairros da cidade, apenas 41 são atendidos semanalmente, outro dado importante é que não existe coleta seletiva em favelas, deixando cerca de um milhão de pessoas sem o serviço. Há déficit de caminhões e de pessoal, e a topografia irregular das regiões das comunidades mais carentes, impede o acesso dos caminhões, impossibilitando a coleta de lixo.

O poder público tem se esforçado para solucionar esses problemas, mas ainda é insuficiente. No ano passado foi assinado um acordo entre o município e o BNDES, que prevê a construção de seis galpões de triagem de materiais recicláveis, a prefeitura promete também aumentar o número de caminhões em circulação para assim aumentar a área de bairros atendidos. Apesar dos investimentos, a ampliação da coleta seletiva elevará o percentual em 2% passando para 5%, número baixíssimo para uma cidade como o Rio de Janeiro.

Investimentos e Educação

A efeito de comparação o Japão que é um exemplo mundial na reciclagem de lixo reciclou em 2012 77% de seus materiais plásticos, 88% das latas 72% das garrafas pets. Não é mágica, o país passou por um processo de conscientização e grandes campanhas de divulgação, com cartilhas sendo distribuídas à população explicando detalhadamente como separar o lixo corretamente, inclusive sendo impresso em diversos idiomas, pensando no grande número de estrangeiros que vivem no país.

Infelizmente aqui no Brasil, ainda estamos engatinhando na questão de reciclagem, e enquanto não houver grandes investimentos no setor, com subsídios do governo, o sistema dificilmente irá progredir, pois atualmente certos materiais tem um custo mais alto para reciclar do que adquirir matéria prima virgem. Hoje quem ganha um pouco de dinheiro com reciclagem é só o catador de rua, que retira seu sustento enfrentando as piores condições de trabalho, sujeito a acidentes, cortes por cacos de vidro e contaminação, ficando muito longe das condições mínimas de trabalho digno.

Fotos: Comgere / G1 / adnuntiatum

Ano da Publicação: 2012
Fonte: Internet
Link/URL: http://www.coletivoverde.com.br/rio-de-janeiro-e-o-lixo/
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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