Saco é um saco pras tartarugas marinhas

Procurando novas informações sobre os impactos das sacolas plásticas, me deparei com uma pequena nota em um dos blogs que visitei. Essa notinha, tão pequena que chega a menosprezar sua tamanha importância, falava sobre o perigo que as sacolas plásticas representam para as tartarugas marinhas.

Fui procurar mais sobre esse assunto e encontrei duas fotos que me deixaram perplexo: um filhote de tartaruga com um pedaço de sacola saindo da boca e a segunda registrava a autópsia de uma tartaruga, revelando um estômago cheio de restos de plástico.

A tartaruga que mais sofre com as sacolas plásticas é a tartaruga-de-couro (Dermochelys Coriacea), que está presente desde a Nova Guiné até a Flórida, passando inclusive pelo Brasil. Este “pequeno” réptil (que pode chegar a pesar 900 Kg e medir 2 m) trata o oceano como se fosse uma “poça d’água” ao invés de uma grande imensidão azul.

Algumas tartarugas marinhas se mantêm leais às suas praias de desova e certos locais de alimentação, o que as tornam mais vulneráveis a possíveis stresses antrópicos. Já a tartaruga-de-couro escolhe locais onde não exista uma presença forte do homem para desovar e com abundância de águas-vivas, o que, a princípio, as tornaria menos vulneráveis… Infelizmente, segundo a International Union for the Conservation of Nature, a tartaruga-de-couro está entre as espécies mais ameaçadas de extinção.

Está no fato de comer as águas vivas o grande problema: as tartarugas confundem sacolas plásticas com águas-vivas, ingerindo o plástico – segundo o Projeto TAMAR, as bichinhas nem hesitam, abocanham mesmo as sacolas que lhes aparecem pela frente! Dados monstruosos nos mostram que 1 em cada 3 tartarugas já ingeriram plástico em algum momento de suas vidas e apresentam restos do material em seu sistema digestivo. Levando em conta que em uma hora a tartaruga-de-couro chega a comer 21 águas-vivas, imagina o que ela deve ingerir de plástico em uma vida toda??

As sacolas plásticas matam as tartarugas, diretamente, de duas maneiras: por asfixia ou ingestão – apenas 3g já são suficientes para obstruir o trato digestivo de um animal em idade mediana. Já indiretamente, as sacolas plásticas vão ocupando o sistema digestivo do animal e diminuindo a superfície de contato, o que implica em uma baixa absorção de nutrientes. Com essa má nutrição, temos uma baixa taxa de crescimento, enfraquecimento, tornando os bichinhos debilitados e propensos a ingerir mais sacolas, já que não conseguem perseguir suas presas e por haver sacolas em grande disponibilidade nos oceanos.

As tartarugas habitam o nosso planeta desde a Era Jurássica e agora seu futuro está ameaçado em virtude de nossos hábitos consumistas, sem a clareza sobre o impacto de nossas ações no meio ambiente que nos circunda. Pesquisadores fazem uma analogia das sacolas plásticas como sendo o fast food das tartarugas: uma fonte rápida de alimento, que não faz muito bem, que as deixa com sobrepeso e atrapalha seu desenvolvimento.

Não possuímos dados suficientes sobre a poluição das sacolas plásticas na costa Brasileira, mas sabemos que toda a fauna e flora aquática vêm sendo afetadas. Ações de educação ambiental para a população são fundamentais, para difundir a percepção de que nossas ações de consumo não ficam restritas apenas ao dia a dia, mas têm grande impacto posterior no meio ambiente, em especial, nos oceanos. Caso não consigamos educar os seres humanos, talvez possamos tentar adestrar toda a biota marinha para deixar de comer plástico…

Bruno Macedo
Equipe de Consumo Sustentável do MMA.

Ano da Publicação: 2009
Fonte: http://blog.mma.gov.br/sacolasplasticas/
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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