Pode parecer pitoresco ver uma pessoa bem vestida revirando lixeiras em busca de objetos. Mas a ânsia de não descartar nada e ainda guardar o lixo alheio não tem nada de engraçado e é uma doença, a síndrome de Diógenes.
O distúrbio se caracteriza pelo acúmulo de objetos em grandes proporções e pelo isolamento social. Ao contrário do demente, que zanza pelas ruas sem nenhuma ligação com a realidade, essas pessoas são lúcidas e não têm qualquer alteração fisiológica no cérebro.
A vítima mais famosa da doença é a cantora Whitney Houston. Depois de construir uma carreira sólida, a cantora agora vive fechada em sua mansão e só sai de casa para recolher lixo.
Geralmente, os primeiros a perceberem o distúrbio são os vizinhos.
Foram eles que deram o alerta para a família de dona Violeta, 78, moradora de um bairro nobre em São Paulo, de que seu comportamento não era normal. Depois de muitas tentativas de solucionar o mau cheiro vindo da casa de dona Violeta de forma amigável, os vizinhos chamaram a polícia e a senhora teve que se desfazer de mais de 200 kg de lixo que, segundo ela, eram coisas “boas”. “São coisas que eu guardava. Não tinha negócio de lixo. Eram coisas minhas, coisas que a gente não pode jogar fora”, alegou a velhinha.
A médica psiquiatra Bárbara Perdigão já atendeu vários pacientes com esse mesmo discurso. “Todos falam que as pessoas jogam fora coisas boas, que aquilo não é lixo. Já tive uma paciente que o quarto era intransitável, não dava para passar uma vassoura”, conta a psiquiatra. Segundo ela, o diagnóstico da síndrome de Diógenes é feito por exclusão, após exames psicológicos e clínicos que descartem a demência.
Mas como diferenciar a mania de guardar coisas antigas – comportamento comum entre os idosos – de um distúrbio psiquiátrico? “Basta analisar a proporção de objetos acumulados. Pessoas mais velhas têm mania de guardar coisas, mas não saem catando lixo. Outro aspecto é o descaso consigo mesmo”, explica Bárbara Perdigão.
Como a doença é incurável e não possui tratamento, a família deve aprender a lidar com o paciente. A psiquiatra diz que o mais importante é os parentes se conscientizarem de que estão diante de uma pessoa doente. “Não existe outra via se não a do afeto, do carinho. Essa alteração do comportamento não tem cura, mas é possível negociar algumas coisas, como fazer uma faxina semanal. Também é importante criar uma rede de ajuda com os vizinhos e tentar inserir a pessoa em alguma atividade da comunidade”.
Curiosidade
Pesquisa inglesa realizada junto a 72 pacientes com a síndrome de Diógenes mostrou que:
• 53% foram diagnosticados como psicóticos.
• 61% como portadores de psicose senil.
• 75% tinham inteligência normal e 25%, QI acima da média.
• A maioria apresentou personalidade pré-morbida: eram independentes, dominadores, teimosos, obstinados, agressivos, desconfiados, discretos e questionadores.
Ano da Publicação: | 2013 |
Fonte: | http://www.plox.com.br/caderno/ci%C3%AAncia-e-sa%C3%BAde/s%C3%ADndrome-de-di%C3%B3genes-voc%C3%AA-conhece |
Link/URL: | http://www.plox.com.br/caderno/ci%C3%AAncia-e-sa%C3%BAde/s%C3%ADndrome-de-di%C3%B3genes-voc%C3%AA-conhece |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |