Software regula aplicação de composto de lixo urbano em solos agrícolas

O emprego na agricultura da matéria orgânica, proveniente do lixo urbano, constitui-se numa excelente alternativa para a reciclagem da fração orgânica. Esta é a conclusão de um estudo realizado pela Embrapa Informática Agropecuária, unidade da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em parceria com pesquisadores da ESALQ-USP – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, IAC – Instituto Agronômico, FEAGRI-Unicamp – Faculdade de Engenharia Agrícola, EPP – Escola de Engenharia de Piracicaba e UNITAU – Universidade de Taubaté.







O engenheiro agrônomo Fábio Cesar da Silva, pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária, destaca que o composto de lixo urbano, além de melhorar a fertilidade do solo e atuar como fonte de vários nutrientes, contribui para reduzir a sua contaminação e aumenta a vida útil dos aterros sanitários, cada vez mais difíceis de serem criados e mantidos na periferia das grandes cidades.







Os pesquisadores desenvolveram o Sistema Especialista, um software de suporte ao uso correto do composto que processa todo o conhecimento existente em relação a critérios e normas de aplicação do composto de lixo e, de acordo com os dados inseridos de composição do solo e do composto a ser utilizado, sugere alternativas de aplicação.







Silva alerta que no Brasil não há legislação que regule a aplicação e a qualidade do composto de lixo urbano, para fins de comercialização, por isso os estudos da equipe são pioneiros no País. O sistema está apto para recomendar a adubação em diferentes grupos de culturas, como hortaliças, cana-de-açúcar, arroz, feijão, milho, trigo, mandioca e aveia branca.











Os coordenadores do projeto estão empenhados em estabelecer parcerias com prefeituras, para adaptar as regras de aplicação a um maior número de culturas, o que produzirá resultados expressivos na produtividade agrícola.







Entretanto, há alguns cuidados especiais que devem ser observados em relação à qualidade do composto de lixo, como minimizar a quantidade de material inerte presente no lixo (pontas de agulhas, lâminas de barbear, pregos, vidros, etc.), encontrado principalmente quando não se utiliza a coleta seletiva do lixo; os teores limites máximos de metais pesados tolerados; e não deve ocorrer a presença de patógenos, pois esses organismos podem causar doenças aos seres humanos. A quantidade aplicada do composto de lixo urbano não pode ser excessiva, a fim de se evitar perdas de nutrientes por lixiviação e por erosão superficial e para diminuir o risco de salinização do solo.











O Sistema Especialista é um programa de computador que representa reações e conhecimentos similares a um especialista humano, constituindo-se em uma ferramenta lógica de análise do conhecimento para sugerir alternativas de ação. O sistema é validado por regras que analisam a qualidade do produto estabilizado, em função do tempo de compostagem do lixo e a quantidade de nutrientes que devem ser aplicados na forma de composto, com base na verificação dos teores nativos de fósforo e potássio no solo e dos valores de nitrogênio, fósforo e potássio no composto.







A base de conhecimento do programa traz em síntese vários resultados de pesquisas de especialistas da área dessa equipe multinstitucional e a sua disseminação contribuirá para a solução do problema que o lixo urbano causa ao meio ambiente e ao homem. A pesquisa é financiada pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em vários processos; pelo Ministério de Ciência e Tecnologia e por empresas da iniciativa privada.







Também participam do projeto José Carlos Chitolina (Esalq – Escola de Engenharia de Piracicaba), Ronaldo Severiano Berton (IAC), Serafim Daniel Balesteiro (Unitau), Flávio

Ano da Publicação: 2002
Fonte: Ambiente Brasil
Autor: Fábio Cesar da Silva
Email do Autor: fcesar@cnptia.embrapa.br

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