A eliminação do lixo doméstico não é, à primeira vista, uma tarefa que pareça favorável a soluções de alta tecnologia. Mas Hilburn Hillestad, presidente da Geoplasma, uma empresa com sede em Atlanta, Geórgia, discorda. A maneira usual de se livrar do lixo, enterrando-o, é antiga e poluente. Em vez disso, a Geoplasma, parte de um conglomerado denominado Jacoby Group, propõe fragmentar os resíduos em seus átomos constituintes com eletricidade. É uma forma limpa, moderna e até mesmo rentável de eliminar o lixo.
Durante anos, alguns tipos de resíduos tóxicos em particular, como a lama das refinarias de petróleo, foram destruídas com luz artificial a partir de tochas de plasma elétrico dispositivos que atingem uma temperatura superior à da superfície do sol. Até recentemente, isso foi um processo caro, custando até US$ 2 mil por tonelada de resíduos, de acordo com a empresa australiana SRL Plasma, que fabrica tochas para 13 das 24 indústrias em todo o mundo que trabalham desta forma. Agora, porém, os custos estão caindo. Além disso, pessoas como Hillestad perceberam que o processo poderia ser usado para gerar energia, assim como consumi-la. A destruição de materiais orgânicos (incluindo papel e plástico) por tochas de plasma produz uma mistura de monóxido de carbono e hidrogênio chamada gás de síntese, que pode ser queimado para gerar eletricidade.
Uma atmosfera elétrica
A tecnologia ficou melhor também. O núcleo de uma tocha de plasma é um par de eletrodos, geralmente feitos de uma liga de níquel. Uma corrente elétrica é formada entre eles e transforma o ar circundante em plasma, através da retirada de elétrons de seus átomos. O calor e as cargas elétricas do plasma quebram as ligações químicas dos resíduos (picados em pedaços pequenos, se forem sólidos), fazendo os evaporar. Os átomos de carbono e oxigênio envolvidos se recombinam para formar monóxido de carbono, e os átomos de hidrogênio se ligam em moléculas de hidrogênio diatômico. Ambos são combustíveis queimam no ar para formar dióxido de carbono e água, respectivamente. Metais e outros materiais inorgânicos que não se transformam em gás decantam para o fundo da câmara como resíduo fundido. Depois que esfriam, eles podem ser usados para fazer tijolos ou pavimentar estradas.
Arcos elétricos são um ambiente difícil para operar, e tochas de plasma, no início, não foram vistas com confiabilidade. Hoje, porém, a qualidade das ligas de níquel melhorou de forma que as tochas trabalham continuamente. Além disso, a evolução em um campo chamado dinâmica de fluidos computacional permite que o lixo que entra no processo produza mais gás de síntese para o mínimo de energia elétrica.
Tecnologia em expansão
As primeiras indústrias a utilizarem a tecnologia foram construídas há quase uma década no Japão, onde a escassez de terra significa taxas particularmente elevadas. Agora, a idéia está se movendo para outros lugares. Neste ano, Geoplasma planeja começar a construção de uma fábrica de US$ 120 milhões em St. Lucie County, Florida. Ela será alimentada com os resíduos provenientes das habitações locais e deve criar gás de síntese para produzir eletricidade para mais de 20.000 casas. A empresa avalia que pode ganhar dinheiro suficiente para pagar as dívidas contraídas na construção da usina e ainda obter lucro desde o início.
Além da Geoplasma, mais de 30 empresas norte-americanas estão propondo indústrias que utilizem tochas de plasma e gás de síntese, de acordo com a Gershman, Brickner & Bratton, uma consultoria de resíduos baseada em Fairfax, Virgínia. A demanda é tão grande que a Westinghouse Plasma Corporation, um fabricante norte-americano de tochas de plasma, é capaz de alugar a sua instalação de testes em Madison, na Pensilvânia, por US$ 150.000 por dia.
Matéria-prima industrial importante, o gás de síntese também pode ser convertido em outras coisas. Apesar do surgimento da indústria petroquímica tê-lo ofuscado um pouco, a Coskata, empresa baseada em Warrenville, Illinois, elaborou uma nova proposta para fermentá-lo em etanol e usá-lo como combustível de veículos.
Mesmo que os esforços para converter lixo em gás de síntese falhem, as indústrias que usam tochas de plasma para destruir materiais mais perigosos poderiam ser modificadas para tirar vantagem da ideia. A Beijing Victex Environmental Science and Technology Development Company, por exemplo, utiliza as tochas para destruir a lama proveniente das refinarias de petróleo chinesas. De acordo com a vice-diretora da empresa, Fiona Qian, o alto custo de se fazer isso significa que algumas refinarias ainda estão jogando lixo tóxico em aterros sanitários. Interromper esse tipo de coisa trazendo o preço para baixo seria uma boa coisa por si só.
Fontes: Economist – Turning garbage into gas
Ano da Publicação: | 2012 |
Fonte: | http://opiniaoenoticia.com.br/economia/transformando-o-lixo-em-gas/ |
Link/URL: | http://opiniaoenoticia.com.br/economia/transformando-o-lixo-em-gas/ |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
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