A grande maioria dos municípios dos países em desenvolvimento é formada por comunidades carentes, cuja população varia de 3.000 a 15.000 habitantes.
Os resíduos sólidos (lixo) produzidos nessas comunidades caracterizam-se por apresentarem alto teor de matéria orgânica (50 a 70%) e considerável percentual de material reciclável (8-15%). Parece existir uma “regra” preconizando que, para os países em desenvolvimento, a solução mais apropriada deve ser o enterramento. Esta filosofia tem levado à prática generalizada do uso de aterros, sem o mínimo controle sanitário, o que, juntamente com os despejos a céu aberto (prática mais encontrada), tem gerado sérios problemas ambientais, muitas vezes irreversíveis.
Nessas localidades, é geralmente encontrado o seguinte quadro:
altos índices de enfermidades e mortes causadas por doenças de veiculação hídrica;
baixo grau de nutrição da população, o que aumenta a suscetibilidade às moléstias;
crescente redução da fertilidade do solo, por causa do plantio contínuo (a agricultura é a base da economia);
característica climática peculiar (tropical ou subtropical), que gera uma demanda constante de húmus pelo solo; e
aumento populacional constante, em outras palavras, há cada vez mais pessoas para alimentar, maior necessidade de produção agrícola e, consequentemente, maior acúmulo de resíduos (lixo).
Essa é uma condição bastante paradoxal: por um lado, a disposição inadequada dos resíduos polui o meio ambiente e cria focos transmissores de doenças infecciosas; por outro, o lixo produzido é rico em matéria orgânica. É aqui, então, que se justifica a compostagem, mediante a qual haverá produção de húmus (o composto orgânico) e, consequentemente, fixação de nutrientes no solo e aumento da produtividade agrícola, isto é, a geração de alimentos.
Torna-se necessário enfatizar que a compostagem, além de ser um processo de reciclagem, é, antes de tudo, um processo sanitariamente seguro de tratamento de resíduos orgânicos.
Os conceitos modernos de gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos preconizam a adoção de sistemas descentralizados e de ações que visem à minimização dos resíduos como forma de equacionar os problemas. A reciclagem e o reaproveitamento são opções concretas usadas para atingir tais objetivos.
Mostra-se que é possível construir, nessas localidades carentes, sistemas simplificados para a reciclagem dos resíduos inertes e orgânicos (compostagem) dentro da concepção moderna de gerenciamento, incentivando o uso de sistemas mais compatíveis com a nova ordem de proteção ambiental. Neste contexto, será apresentado, além dos resultados de pesquisas, um Projeto de Reciclagem, já implantado pela Universidade Federal de Viçosa-UFV/Laboratório de Engenharia Sanitária e Ambiental-LESA, que poderá ser utilizado em várias outras cidades de países em desenvolvimento.
A compostagem tem uma função de grande relevância, que é absorver grande parcela dos resíduos produzidos, realizando, além da reciclagem da matéria orgânica, um tratamento seguro, que propicia uma série de benefícios para as comunidades pobres.
A usina não conta com equipamentos eletromecânicos. É operada manualmente e apresenta capacidade operacional de até 10 t/dia, equivalente à produção de lixo de uma população de 20 a 25 mil habitantes.
A simplicidade do projeto permite a construção da usina em cerca de 50 dias úteis>>.>
Ano da Publicação: | 2004 |
Fonte: | Unilivre |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |