USP cria carroça do futuro para catadores

Presentes em toda a cidade, os catadores de papéis e sucata que utilizam carroças poderão em breve ter mais segurança e melhores condições em seu trabalho. Um novo veículo foi desenvolvido pelo engenheiro mecânico Rafael Antonio Bruno, na Escola Politécnica da Univesidade de São Paulo (USP), agregando itens como retrovisores e sistema de freios — nos tradicionais, é preciso parar com a força humana — e um design que minimiza os esforços e preza pela integridade física do condutor.







“O veículo de tração humana desenvolvido não tem nenhum tipo de motor e apresenta um compartimento de dimensões adequadas para acomodar com segurança os materiais. Como os catadores trafegam por vias movimentadas da cidade cerca de 10 km por dia, equipamentos de segurança como pisca-alerta e adesivos reflexivos, assim como um sistema de freio semelhante ao da bicicleta, foram adaptados para o carrinho”, disse Bruno ao G1.





Com três rodas, duas de motocicleta na parte traseira e um rodízio comercial na frente, o veículo ganhou equilíbrio e houve diminuição no esforço do condutor. O tamanho ficou de acordo com o proposto no projeto inicial — 3 m de comprimento, 1,60 m de altura e 1,5 m de largura. Já o peso excedeu em 10% o projetado: de 100 kg, passou para 110 kg. Com essa estrutura, o equipamento tem capacidade de carregar 500 kg em material para reciclagem.







O protótipo foi desenvolvido como trabalho de conclusão de curso do engenheiro em 2006, integrando o projeto POLI Cidadã, que propõe temas para incentivar os alunos a desenvolverem trabalhos com ênfase social. O trabalho contou com a opinião de catadores e de duas cooperativas, que atuaram como uma espécie de “consultoria”, indicando os problemas e necessidades.



Limitações

Mesmo assim, o veículo ainda não está pronto para ser colocado em funcionamento. “Em testes realizados com os catadores, eles apontaram a necessidade de diminuição do tamanho e do peso. Além disso, é preciso reduzir o custo, que ficou em R$ 1.100, 45% acima do planejado, cerca de R$ 700”, conta o engenheiro. Já nos testes de resistência, capacidade, estabilidade e sistemas de freio e de tração, tudo foi aprovado.









O valor alto pode ser explicado pelos equipamentos utilizados. Bruno optou por usar materiais convencionais já existentes no mercado, não reaproveitados, para que o protótipo pudesse ser reproduzido sem problema de falta de peças. “Apenas as rodas traseiras, que são de uma moto, já eram usadas. Mas o carrinho pode ser adaptado para outros materiais, o que poderia torná-lo mais barato.”







Se colocado em funcionamento, o novo veículo poderia trazer melhoria na qualidade de vida do milhares de catadores, além da maior segurança. Com o protótipo de fácil fabricação, o engenheiro aguarda patrocínio de empresas e ONGs que pudessem financiar a confecção e a distribuição do veículo.

Ano da Publicação: 2007
Fonte: G1
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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