O mercado para reciclagem
O Brasil produz em média 980 mil toneladas de embalagens de vidro por ano, usando cerca de 45% de matéria-prima reciclada na forma de cacos. Parte deles foi gerado como refugo nas fábricas e parte retornou por meio da coleta seletiva. Em 2009, o setor faturou cerca de 1,5 bilhões de reais.
O principal mercado para recipientes de vidros usados é formado pelas vidrarias, que compram o material de sucateiros na forma de cacos ou recebem diretamente de suas campanhas de reciclagem. Além de voltar à produção de embalagens, a sucata pode ser aplicada na composição de asfalto e pavimentação de estradas, construção de sistemas de drenagem contra enchentes, produção de espuma e fibra de vidro, bijuterias e tintas reflexivas.
Quanto é reciclado?
47% das embalagens de vidro foram recicladas em 2009 no Brasil, somando 470 mil ton/ano. Desse total, 40% é oriundo da indústria de envaze, 40% do mercado difuso, 10% do “canal frio” (bares, restaurantes, hotéis etc) e 10 % do refugo da indústria.
Nos EUA, o índice de reciclagem foi de 40%, correspondendo a 2,5 milhões de toneladas. Na Alemanha, o índice de reciclagem em 2004 foi de 97%, correspondendo a 2,6 milhões de toneladas.Índices de reciclagem em outros países: Suíça (96%), Noruega (89%), Itália (61%), Finlândia (72%).
Conhecendo o material
As embalagens de vidro são usadas para bebidas, produtos alimentícios, medicamentos, perfumes, cosméticos e outros artigos. Garrafas, potes e frascos superam a metade da produção de vidro do Brasil. Usando em sua formulação areia, calcário, barrilha e feldspato, o vidro é durável, inerte e tem alta taxa de reaproveitamento nas residências. A metade dos recipientes de vidro fabricados no País é retornável. Além disso, o material é de fácil reciclagem: pode voltar à produção de novas embalagens, substituindo totalmente o produto virgem sem perda de qualidade. A inclusão de caco de vidro no processo normal de fabricação de vidro reduz o gasto com
energia e água. Para cada 10% de caco de vidro na mistura economiza-se 4% da energia necessária para a fusão nos fornos industriais e a redução de 9,5% no consumo de água.
Qual o peso desses resíduos no lixo?
No Brasil, todos os produtos feitos com vidros correspondem em média a 3% dos resíduos urbanos. E somente as embalagens de vidro correspondem a 1%. Em São Paulo o peso do vidro corresponde a 1,5 % do total do lixo urbano. Já nos programas de coleta seletiva o vidro representa cerca de 14% dos materiais selecionados.
Sua história
A lenda conta que o vidro foi descoberto ocasionalmente há 4 mil anos por navegadores fenícios, ao fazerem uma fogueira na praia: com o calor, a areia, o salitre e o calcário das conchas reagiram, formando o vidro. A indústria vidreira se desenvolveu rapidamente, mas a coleta seletiva só começou na década de 60 nos EUA, que hoje já conta com 6 mil pontos de coleta de embalagens de vidro. No Brasil, a primeira iniciativa organizada surgiu em 1986, em São José do Rio Preto, interior de São Paulo. Naquele ano, a Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro (Abividro) lançou um programa nacional de coleta que atualmente envolve 7 milhões de pessoas em 25 cidades.
E as limitações?
Contaminação
Em princípio, os cacos encaminhados para reciclagem não podem conter pedaços de cristais, espelhos, lâmpadas e vidro plano usado nos automóveis e na construção civil. Por terem composição química diferente, esses tipos de vidro causam trincas e defeitos nas embalagens. No entanto, algumas indústrias de vidro já incorporam percentuais de vidro plano na produção. Os cacos não devem estar misturados com terra, pedras, cerâmicas e louças: contaminantes que quando fundidos junto com o vidro, geram microparticulas que deixam a embalagem com menor resistencia. Plástico em excesso pode gerar bolhas e alterar a cor da embalagem. Igual problema se verifica quando há contaminação por metais, como as tampas de cerveja e refrigerante: além de bolhas e manchas, que danifica o forno.
Rígidas Especificações do Material
O vidro deve ser preferencialmente separado por cor para evitar alterações de padrão visual do produto final e agregar valor. Frascos de remédios só podem ser reciclados se coletados separadamente e estiverem descontaminados.
É importante saber…
Redução na Fonte de Geração
A indústria de vidro vem desenvolvendo técnicas de redução de peso, apostanto na diminuição de insumos para fabricação de garrafas mais leves que tenham a mesma resistência.
Compostagem
O vidro não é biodegradável e precisa ser separado por processos manuais.
Incineração
O material não é combustível e se funde a 1.500 graus, transformando-se em cinzas. Seu efeito abrasivo pode causar problemas aos fornos e equipamentos de transporte.
Aterro
As embalagens de vidro não são biodegradáveis.
O ciclo da reciclagem
Voltando às Origens
Nos sistemas de reciclagem mais completos, o vidro bruto estocado em tambores é submetido a um eletroímã para separação dos metais contaminantes.
O material é lavado em tanque com água, que após o processo precisa ser tratada e recuperada para evitar desperdício e contaminação de cursos d‘água. Depois, o material passa por uma esteira ou mesa destinada à catação de impurezas, como restos de metais, pedras, plásticos e vidros indesejáveis que não tenham sido retidos. Um triturador com motor de 2 HP transforma as embalagens em cacos de tamanho homogêneo que são encaminhados para uma
peneira vibratória. Outra esteira leva o material para um segundo eletroímã, que separa metais ainda existentes nos cacos. O vidro é armazenado em silo ou tambores para abastecimento da vidraria, que usa o material na composição de novas embalagens.
O mercado para reciclagem
No Brasil, assim como no resto do mundo, o mercado de sucata de aço é bastante sólido, pois as indústrias siderúrgicas precisam da sucata para fazer um novo aço, ou seja, cada usina siderúrgica é uma planta de reciclagem.
O principal mercado associado à reciclagem de aço é formado pelas aciarias, que derretem a sucata nos altos fornos e transformam-na em novas chapas de aço. O interessante é que o aço para reciclagem não precisa ser totalmente livre de contaminantes, já que o próprio processo é capaz de eliminá-los.
Em 2008, foram produzidos 33,8 milhões de toneladas de aço bruto no país, dentro deste montante, 575 mil toneladas foram de folhas de aço para embalagens. Cerca de 10,2 milhões de toneladas de sucatas foram utilizadas para a produção de novo aço, valor correspondente a 30,1% do aço produzido no Brasil.
O aço é o material mais reciclado do mundo, sendo que em 2008 foram recicladas cerca de 385 milhões de toneladas no planeta.
O incremento da coleta seletiva desse material estimula o aumento da demanda de empregos e equipamentos de separação, como os eletroímãs.
Quanto é reciclado?
46,5% do total das latas de aço consumidas no Brasil em 2008 foram recicladas, incluindo 82% reciclados de latas de aço para bebidas (latas de 2 peças). Este índice vem aumentando graças à ampliação de programas de coleta seletiva e educação ambiental. Hoje alguns programas estimulam a reciclagem do aço pós-consumo, dentre eles o RECICLAÇO, programa de reciclagem pós-consumo de latas de aço para bebidas, criado pela Cia Metalic Nordeste. No Brasil, 8% das latas para bebidas são de aço, sendo que a maior participação está no Nordeste, que detém 46% do mercado. Com a necessidade de incentivar a coleta seletiva criou-se a iniciativa em 2001 que permitiu à embalagem de aço para bebida atingir o índice de 88% de reciclagem contra os 27% iniciais. Esse índice é auditado anualmente por empresa independente.
Conhecendo o material
As latas de aço, produzidas com chapas metálicas conhecidas como folhas de flandres, tem como principais características a resistência, inviolabilidade e opacidade. São compostas por ferro e uma pequena parte de estanho (0,20%) ou cromo (0,007%) – materiais que protegem contra a oxidação e evitam por mais de dois anos a decomposição de alimentos. Quando reciclado, o aço volta ao mercado em forma de automóveis, ferramentas, vigas para construção civil, arames, vergalhões, utensílios domésticos e outros produtos, inclusive novas latas.
No Brasil, são consumidas cerca de 1 milhão de toneladas de latas de aço por ano, o equivalente a 4 quilos por habitante. Nos Estados Unidos, o consumo anual é de 10 quilos por habitante/ano.
Qual o peso desses resíduos no lixo?
A lata de aço corresponde a 2,5% em peso do lixo domiciliar das grandes cidades brasileiras. Nos EUA, o material constitui 1,3% dos resíduos urbanos.
Sua história
O aço é um dos mais antigos materiais recicláveis. Na antigüidade, os soldados romanos recolhiam as espadas, facas e escudos abandonados nas trincheiras e os encaminhavam para a fabricação de novas armas. Conta-se que a lata teria sido inventada a pedido de Napoleão Bonaparte, para que seus soldados pudessem levar alimentos para as guerras, sem problemas de conservação. Outros dizem que o alimento enlatado surgiu na Inglaterra, em 1800. Nos Estados Unidos, os esforços pela coleta seletiva das latinhas começaram na década de 70, com o advento dos programas de reciclagem. No Brasil, foi criado em 1992 o Programa de Valorização da Embalagem Metálica (Prolata), com o objetivo de estimular o consumo, coleta e reciclagem desse material. Em 2003, com a criação da ABEAÇO – Associação Brasileira das Embalagens de Aço, as atividades do Prolata foram incorporadas às ações do Comitê de Meio Ambiente da ABEAÇO. Em 2002, duas iniciativas vieram somar os trabalhos Prolata/ABEAÇO, a primeira delas, Reciclaço, programa do Grupo CSN criada com o objetivo de estimular a coleta e reciclagem das embalagens de bebida em aço, e a segunda, o Programa CSN Embalagem de Aço e Meio Ambiente, que visa potencializar o critério ambiental das embalagens de aço através do desenvolvimento de pesquisas e projetos voltados à comunidade.
E as limitações ?
Contaminação
As latas devem estar livres de impurezas contidas no lixo, principalmente terra e outros materiais metálicos, como alumínio. A presença de matéria orgânica gera mais escória nos fornos de fundição.
Rígidas Especificações de Matéria-prima
A sucata de aço deve ser prensada em fardos para fornecimento, por sucateiros, antes de ser destinada às indústrias de fundição. Pode ser utilizada em qualquer processo de fabricação do aço (usina integrada ou não integrada) com a vantagem de que sua composição (incluindo a porcentagem de estanho) não interfere no processo de reciclagem.
É importante saber…
Redução na Fonte de Geração
Nos Estados Unidos, a lata é hoje 40% mais leve que em 1970, graças a avanços tecnológicos de solda e dobra do metal. A quantidade de estanho caiu de 9,5g/m2 em 1975, para 5g/m2 em 1997, representando também uma redução de 40% na utilização deste material. No Brasil, são produzidas latas com espessuras que variam de 0,14 a 0,38 milímetros.
Compostagem
O material dificulta a compostagem do lixo para a produção de adubo orgânico. A lata é degradada por força das intempéries.
Incineração
Por serem magnéticas, podem ser separadas mecanicamente por meio de eletroímãs antes ou depois da incineração. Se incineradas em temperatura acima de 1500 graus centígrados, as latas sofrem intensa oxidação e voltam ao estágio natural de minério de ferro.
Aterro
As latas de aço que não são recicladas enferrujam. Elas se decompõem, voltando ao estado natural – óxido de ferro.
O ciclo da reciclagem
Voltando às Origens
Depois de separadas do lixo, por processo manual, ou através de separadores eletromagnéticos, as latas de aço precisam passar por processo de limpeza em peneiras para a retirada de terra e de outros contaminantes. Em seguida, são prensadas em fardos para facilitar o transporte nos caminhões até as indústrias recicladoras. Ao chegar na usina de fundição a sucata vai para fornos elétricos ou a oxigênio, aquecidos a 1550 graus centígrados. Após atingir o ponto de fusão e chegar ao estado de líquido fumegante, o material é moldado em tarugos e placas metálicas, que serão cortados na forma de chapas de aço. A sucata demora somente um dia para ser reprocessada e transformada novamente em lâminas de aço usadas por vários setores industriais – das montadoras de automóveis às fábricas de latinhas em conserva. O material pode ser reciclado infinitas vezes, sem causar grandes perdas ou prejudicar a qualidade. Aciarias de porte médio equipadas com fornos elétricos processam a sucata por custo inferior ao das siderúrgicas convencionais.
Ano da Publicação: | 2011 |
Fonte: | http://www.cempre.org.br/ft_vidros.php |
Link/URL: | http://www.cempre.org.br/ft_vidros.php |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |