Nos últimos seis anos Zurique tem aparecido repetidamente como primeira colocada no ranking de cidade com a melhor qualidade de vida do mundo. Foi a vencedora novamente em 2007/2008, segundo pesquisa realizada pela Consultoria Mercer. A preocupação com o meio ambiente – incluindo esforços para reduzir a poluição do ar, garantir recursos hídricos e respeitar a biodiversidade são apenas alguns dos benefícios proporcionados ao morador da cidade.
Existem duas plantas de incineração de lixo na região de Zurique, que fazem a queima de resíduos, transformados então em energia e aquecimento. “70% do aquecimento da cidade é gerado pelo lixo”, revela Leta Filli, diretora de comunicação do ERZ Entsorgung + Recycling Zürich (Departamento de coleta e reciclagem de lixo).
Mas esse modelo de sucesso depende de um estreito elo de comprometimento entre governo, indústria e população. Exemplo claro disso vem do sistema de coleta de lixo e reciclagem local. Trezentas e setenta mil pessoas vivem em Zurique e, só em 2007, elas tornaram possível a reciclagem de 53 mil toneladas de lixo. Os suíços reciclam cerca de 80% das garrafas PET, enquanto que a média européia varia entre 20% e 40%.
Para chegar a esses números, o governo municipal estabeleceu a política dos 3 R’s: reduzir, reutilizar e reciclar. Para reduzir a produção do lixo, o primeiro passo foi mexer com o bolso do cidadão. Anualmente, cada casa paga cerca de R$130 como taxa de lixo. Esse dinheiro é utilizado para custear a infra-estrutura de coleta, incineração dos resíduos e reciclagem. Mas não é só. O lixo de cada casa só é recolhido se estiver dentro do saco plástico oficial da cidade: no caso de Zurique, o saco é branco e tem o logotipo do ERZ. Os sacos variam de cor, dependendo da cidade ou cantão suíço e são caros!! Cada unidade, com capacidade para 35 litros, custa R$ 3, e de 110 litros, R$ 9,60. “Quanto mais você recicla, menos sacos você precisa comprar”, afirma Leta. Se o lixo estiver em outro tipo de saco, simplesmente não é coletado.
O sistema de coleta é extremamente organizado. No começo do ano, é distribuído um calendário, com as datas semanais e mensais de recolhimento de material e resíduos, para os próximos 12 meses. O lixo orgânico e tudo que não pode ser reaproveitado, é coletado semanalmente. Já o esquema para o material reciclável é diferente. Papel (revistas, jornais, envelopes, etc) e karton (caixas e embalagens feitas de cartão grosso) são recolhidos separadamente, também nas residências e prédios, e devem ser arrumados em pilha, enrolados com barbante. Sim, o governo suíço exige mais esse cuidado. “Nós somos os profissionais do assunto e para darmos um destino útil a esse material, a população tem que nos ajudar preparando as pilhas corretamente”, diz a diretora de comunicação do ERZ. A coleta de papel é realizada quinzenalmente e a de karton, uma vez por mês. Com mais um detalhe: os lixeiros não levam o que é deixado na frente das casas sem, antes, examiná-lo. Se alguém – até por engano – coloca outro tipo de material no mesmo pacote, eles retiram e deixam no local.
Garrafas, vidros, metal e alumínio podem ser jogados nos latões de lixo específicos para isso. Existem vários espalhados por toda a cidade. Em alguns bairros, há mais de um ponto de entrega desse material. Vidros têm três latões diferentes: um para os de cor branca (transparente), outro para marrom e o último para o vidro verde.
Autor: Suzana Camargo – Edição: Mônica Nunes
Planeta Sustentável – 11/05/2009
Ano da Publicação: | 2011 |
Fonte: | Planeta Sustentável |
Link/URL: | http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/lixo/conteudo_467362.shtml |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |