Seja verão, seja inverno. Num país tropical como o Brasil, o consumo da água de coco verde independe da estação do ano. O que pouca gente imagina é que o consumo da fruta gere tantas toneladas de resíduos. Na Grande Rio, por exemplo, são mais de 400 toneladas diárias de coco depositadas nos lixões. Apesar de levar entre 8 e 12 anos para se decompor, o desenvolvimento de técnicas de reciclagem para o produto não é menos importante. Principalmente levando em conta que para cada 250ml de água de coco 1 quilo de resíduo é gerado.
Ao perceber essa proporção, a empresa Coco Verde, distribuidora da fruta instalada no Rio de Janeiro, arregaçou as mangas e dedicou três anos à pesquisa. O resultado está na técnica que transforma o coco em vasos, palitos, placas para revestimentos térmicos e acústicos, além da produção de artefatos para decoração. Além da destinação politicamente correta do resíduo, a Coco Verde descobriu, com a técnica, uma solução para a problemática do xaxim. Os vasos reciclados substituem o produto, que faz parte da relação de espécies ameaçadas de extinção na mata atlântica. As autorizações concedidas para corte e exploração foram suspensas pela resolução 278, de 24 de maio de 2001, do Conama.
Segundo o responsável pela gerência de projetos e negócios da empresa, Philippe Jean Henri Mayer, os vasos feitos a partir de coco verde reciclado podem substituir sem restrições o xaxim. Para a fabricação de um vaso tipo cuia, de 3 litros, são utilizados, em média, nove cocos. “Nosso consultor para testes foi o engenheiro agrônomo Antônio Cosentino, que é especializado em horticultura. Todos os estudos foram positivos e confirmaram sua superioridade em relação ao xaxim”, disse Mayer. “A única diferença está na freqüência com que a planta que está no nosso produto precisa ser regada, que é maior. Isso devido ao alto poder de drenagem e aeração que o vaso reciclado oferece. Em conseqüência da drenagem total, a aeração e o controle de temperatura do substrato aceleram o crescimento da planta, diminuindo o tempo de cria em estufas e o custo dos produtores”, explicou Mayer.
Ao todo, 18 etapas são realizadas para transformar o coco em uma nova matéria-prima. Depois de coletar o produto, a empresa, tritura o material. Após secá-lo, faz a separação e a classificação das fibras. Novos processos de secagem são então realizados até que o material esteja pronto para ser aplicado. Moldagem e cura encerram a produção. “No caso do pó de coco, ou entrefibra, após oito etapas, é possível obter um substrato fantástico e de fonte renovável, que não é o caso da maioria dos substratos existentes no mercado”, afirmou Mayer.
Segundo ele, o coco reciclado é recolhido junto aos seus próprios clientes. A empresa fornece a fruta embalada em sacos. Nestes mesmos sacos, elas são recolhidas após o consumo da água. Essa coleta é feita apenas em áreas onde a empresa mantém linhas regulares de venda. A maioria na Grande Rio.
DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS
A ameaça de extinção do xaxim e a conseqüente resolução do Conama não são, segundo Mayer, o único impulso para a reciclagem do coco verde. Para ele, a destinação adequada dos grandes resíduos gerados é uma forte preocupação. “O maior prejudicado é o ecossistema. Os produtores de coco começam a ter problema com a destinação dos cocos, pelo constante aumento do consumo. Aumentando a demanda, novas plantas poderiam ser instaladas por todo o país. Imagine quantas toneladas de coco são jogadas no lixo nas praias de Florianópolis e Camboriu, por exemplo? E nos grandes centros urbanos, onde o verão dura o ano todo? É um alerta para os produtores. A solução não está em reprimir o comércio de um produto. Existem soluções bem mais apropriadas”, comentou.
Mas o processo de reciclagem de coco verde demanda investimentos muitos altos? Mayer não fala em números, mas cita que, como pequena empresa, os aportes foram muitos. “I
Ano da Publicação: | 2005 |
Fonte: | http://www.cocoverderj.com.br |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |