Quanto Lixo uma Pessoa Produz em Toda a Sua Vida
25 Toneladas de Lixo – do nascimento à morte, essa é a quantidade de
detritos que cada brasileiro vai produzir durante toda a sua vida
Você já reparou na quantidade de sujeira que se acumula na lata de lixo da
sua casa nos fins de semana? Pois é. De lata cheia em lata cheia, cada
brasileiro que viva até os 70 anos de idade vai produzir 25 toneladas de
detritos. Como a família média no país é formada por quatro pessoas, cada
lar irá fabricar 100 toneladas de lixo. São números pavorosos, mas pouca
gente dá atenção a isso até que o lixo – feito um vulcão aparentemente
extinto – dê sinais de vida. Foi o que aconteceu em São Paulo, durante as
enchentes de março de 1999. O lixo foi apontado como o maior responsável
pela tragédia. A intensidade de chuva que caiu sobre a cidade foi semelhante
a da última grande enchente, ocorrida em 1988. Ou seja, não havia mais água
do que há onze anos. Havia, sim, mais lixo, cuja produção dobrou nesse
período. Como ele estava em toda parte, entupiu bueiros, diminuiu a vazão de
água e ajudou a piorar o caos.
O lixo é um indicador curioso de desenvolvimento de uma nação. Quanto mais
pujante for a economia, mais sujeira o país vai produzir. É sinal de que o
país está crescendo, de que as pessoas estão consumindo mais. Segundo um
levantamento feito pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Publica
e Resíduos Especiais, Abrelpe, o brasileiro passou a produzir muito mais
lixo depois do Plano Real. A cidade de Salvador teve um aumento de 40% na
coleta de detritos. Em São Paulo, o crescimento foi de 13%. Os cariocas
assim como os curitibanos, jogaram 22% mais coisas fora. Por dia, calcula-se
que o brasileiro produza 1 quilo de lixo domiciliar. Ainda estamos longe dos
americanos com seus inacreditáveis 3 quilos por pessoa, mas já ultrapassamos
países da União Européia. A questão é que as grandes cidades brasileiras não
têm estrutura para encarar esse crescimento e se encontram perto de um
limite. As prefeituras estão sem dinheiro para a coleta e já não há mais
lugar onde jogar lixo.
O problema ganha uma dimensão mais perigosa por causa da mudança no perfil
do lixo. Há cinqüenta anos, os bebês utilizavam fraldas de pano, que não
eram jogadas fora. Tomavam sopa feita em casa e bebiam leite mantido em
garrafas reutilizáveis. Hoje, os bebês usam fraldas descartáveis, tomam sopa
em potinhos que são jogados fora e bebem leite embalado em caixas tipo
“tetrapak”. Ao final de uma semana de vida, o lixo que eles produzem
equivale, em volume, a quatro vezes o seu tamanho. Na metade do século, a
composição do lixo era predominantemente de matéria orgânica, de restos de
comida. Com o avanço da tecnologia, materiais como plásticos, isopores,
pilhas, baterias de celular e lâmpadas são presença cada vez mais constante
na coleta. Em 1986, existia em todo o planeta apenas 1,3 milhão de linhas de
celular. Hoje são 135 milhões e daqui a sete anos serão 850 milhões de
linhas. Todas consumindo baterias altamente tóxicas para a saúde pública
quando jogadas nos lixões. Levando-se em consideração que o Brasil tem 7
milhões de linhas de celular e que 70% do lixo brasileiro é jogado a céu
aberto, a contaminação dos lençóis freáticos localizados abaixo desses
lixões não pára de crescer.
Dar um destino adequado ao lixo é um dos grandes desafios da administração
pública em todo o mundo. No Japão, onde não há lixões, parte dos detritos é
colocada em barcos e enviada para países vizinhos que cobram pelo serviço.
Em Nova York, são aplicadas mu
Ano da Publicação: | 2004 |
Fonte: | Projeto Apoema |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |