A partir de uma discussão informal com Ana Waksberg (economista, mestre em políticas públicas, doutoranda em tecnologia e educação, etc..) sobre um conflito de ordem econômica: a maioria das empresas que reciclam qualquer tipo de lixo tecnológico são pagas para realizar tal processo. Isso significa que, na prática, a maioria dos resíduos eletrônicos reciclados provêem de grandes empresas que precisam se desfazer de grandes quantidades desse material, e pagam por isso.
Eis um paradigma econômico-industrial: O processo conhecido como manufatura reversa de eletrônicos não se paga com a venda dos produtos da reciclagem (sais e óxidos de metais e uma infinidade de plásticos e polímeros), ele só é viável quando é contratado o serviço de reciclar e ou neutralizar substâncias tóxicas juntamente com a destinção adequada de resíduos.
E o que acontece com o lixo que não se paga para reciclar? Aquele produzido por pequenos empreendimentos e consumidores domésticos? Legalmente, há um embate para ver de quem é a responsabilidade. Atualmente podemos ter duas interpretações da lei: partindo da permisa que material eletrônico é um poluente potencial (por conter substâncias tóxicas), a responsabilidade é do fabricante MAS pode-se entender esse material como lixo doméstico, o que daria a responsabilidade aos municípios. O embate do projeto de lei nacional de resíduos sólidos aborda a polêmica da logística reversa, que daria a responsabilidade de recolher, reutilizar, reciclar, neutralizar e dispor adequadamente subprodutos e resíduos aos fabricantes de produtos potencialmente poluentes ou tóxicos.
Deixar a responsabilidade a cargo das prefeituras é fadar o processo ao fracasso: todas, inclusive as mais ricas, enfrentam problemas financeiros para destinar o lixo doméstico em aterros certificados, o que acaba por favorecer lixões – que é a pior (e mais usada) solução social e ambiental que se pode dar aos resíduos, quais forem.
Como inserir esse fluxo doméstico de resíduos eletrônicos no ciclo da reciclagem? O dilema econômico é que o produto da reciclagem (matéria-prima) é muito mais barato que o equipamento inicial (tecnológico, alto valor comercial agregado). Como pensar num processo de reciclagem de eletrônicos economicamente viável? Sim, rentável, para se manter e não depender de subsídios financeiros.
Ano da Publicação: | 2012 |
Fonte: | Lixo Eletrônico.org |
Link/URL: | http://lixoeletronico.org/blog/o-paradigma-econ%C3%B4mico-da-reciclagem-do-lixo-eletr%C3%B4nico |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |